Um orçamento anual de R$ 2 milhões quase fez com que um dos principais times de futebol 7 do Brasil encerrasse suas atividades justamente no ano seguinte de ter ganhado o mundo tendo em seu elenco nomes consagrados do futebol como Léo Moura e Zé Roberto.
A chegada de 2022 representa uma vida nova para o Resenha FC, clube de futebol 7 criado de uma brincadeira entre amigos em Teresina, no Piauí, que se transformou em um fenômeno da modalidade.
Em 2021, o Resenha teve sua temporada mais estrelar, disputando o Mundial da modalidade e fazendo frente a times tradicionais do futebol de campo, como o Grêmio. Com as presenças de Léo Moura e Zé Roberto no time que disputou o Mundial, o Resenha entra no novo ano com uma nova estratégia para seguir como um dos protagonistas no mercado.
“No ano passado, tínhamos uma folha de pagamento de R$ 150 mil (por mês). Para este ano, a ideia é trabalhar com uma folha de R$ 70 a 80 mil. Se eu não tiver o lado financeiro, não vou ter o melhor do mundo, o Zé Roberto, o Léo Moura. Se não tiver organizado, isso cai por terra”, afirmou Daniel Trajano, fundador do clube, à Máquina do Esporte.
Trajano trabalhava no setor público e, em 2016, transformou o que era uma brincadeira entre amigos em um clube de futebol 7. Toda sexta-feira, um grupo de amigos jogava em Teresina (PI) jogos de futebol society. A rivalidade entre os times era tanta que alguns começaram a pagar por fora para jogadores semiprofissionais defenderem suas equipes. Um dia, Trajano decidiu juntar os melhores e formar o Resenha para disputar uma liga recém-criada de futebol 7 no Piauí.
Em 2021, o Resenha foi campeão nacional e, de quebra, disputou o Mundial da modalidade, no Rio de Janeiro, terminando em terceiro lugar. A estratégia que fez parte da origem do time foi refeita. Para ter sua melhor temporada da história, o Resenha contratou os ex-jogadores de futebol de campo Léo Moura e Zé Roberto.
Os dois fizeram com que o Resenha ganhasse mídia e despertassem em Daniel Trajano a certeza de que o clube pode conseguir caminhar pelas próprias pernas.
“Só no final do ano, para disputarmos três competições, gastamos R$ 600 mil em transporte e hospedagem. Agora, buscamos empresas para nos patrocinar, nos ajudar. Somos, hoje, o maior clube de futebol 7 nas redes sociais. Quando a gente posta uma coisa, o pessoal vem e comenta. Vendemos, em 2021, mais de 3 mil camisas”, disse Trajano.
O alcance digital, aliás, é usado agora como argumento para o Resenha buscar novos parceiros comerciais. Com quase 115 mil seguidores no Instagram, o clube usará a rede social para recrutar cinco novos jogadores para a temporada. É uma estratégia para reduzir custos e, naturalmente, chamar mais atenção no meio digital.
Além do apelo nas mídias sociais, a aposta do Resenha é no aumento da participação do futebol society na TV paga brasileira. Em dezembro, a confederação brasileira da modalidade anunciou um acordo com o Sportv para transmitir jogos de diversas competições.
Tudo isso, para Daniel Trajano, reforça a ideia do time, de seguir atuando dentro do futebol 7, sem planos para migrar para o futebol de campo. Principal equipe esportiva de Teresina, o Resenha hoje é uma referência na cidade. O campo e o bar que serviram de local de treinos para o clube lá em 2016 hoje são um complexo com mais de quatro campos, vestiários e 36 diferentes empresas prestadoras de serviço para o público que frequenta o local, que conta com escolinha de futebol para crianças, entre outras coisas.
“O torcedor já está sabendo que um time do Nordeste pode conseguir no máximo uma classificação para a Libertadores quando joga o Brasileirão. A gente não vai conseguir fazer esse êxito (de ser campeão), infelizmente. A partir do momento que a torcida começa a sofrer, ela abandona o clube, que fica só com dívidas. É a bola de neve do pesadelo. É melhor fazer uma coisa que a torcida sabe que vai brigar pelo título”, resumiu Trajano.