A camisa que pulsa na batida do coração

Nova terceira camisa do Palmeiras conta com os batimentos cardíacos dos jogadores nas partidas da reta decisiva da temporada de 2022 - Divulgação / Puma

Todos os anos, no início ou no meio de cada temporada, existem duas grandes expectativas entre os torcedores. A primeira é sobre quem vai reforçar o elenco, e a segunda é quais são as camisas que o time entrará em campo.

Nesse aspecto, camisas colaborativas no mundo do futebol se tornaram uma maneira criativa de clubes e marcas se unirem para criar produtos exclusivos e que, acima de tudo, podem contar boas histórias. Essas parcerias geralmente envolvem marcas de roupas esportivas ou de moda de renome, trabalhando em conjunto com clubes de futebol para projetar camisas especiais.

Em 2020, por exemplo, foi lançado o projeto Human Race FC, com a colaboração entre a Adidas e o famoso músico e designer Pharrell Williams para Arsenal, Bayern de Munique, Juventus, Manchester United e Real Madrid. As camisas com design único e mensagens de unidade e inclusão foram o resultado do equilíbrio perfeito entre cultura, futebol, paixão e moda urbana (streetwear), com abordagens únicas que reuniram o passado e o presente da história de cada clube.

“A história é o que molda o futuro e, às vezes, para olhar para frente, é preciso primeiro olhar para trás. A parte mais importante do processo com esta coleção foi aprender sobre os legados de cada clube e como cada momento decisivo de suas histórias foi capturado e preservado de uma perspectiva de design. Cada uma das novas camisas são símbolos dos legados dos cinco clubes e uma verdadeira celebração da universalidade do esporte”, disse o artista, à época.

No mesmo ano, um dos cases mais premiados do futebol brasileiro foi o do Atlético Mineiro com a Le Coq Sportif. O projeto “Manto da Massa” envolveu os torcedores do Galo de maneira ativa. A ideia foi permitir que os próprios torcedores contribuíssem com ideias e designs para a nova camisa do time, tornando-a verdadeiramente uma representação da paixão e da identidade da torcida. A camisa colaborativa desenhada por um torcedor e posteriormente escolhida por voto popular se tornou um ativo do clube e um item colecionável, sendo comercializada para mais de 55 países e vendendo mais de 120 mil unidades em apenas sete dias de campanha por três anos consecutivos.

Alguns desses lançamentos se destacaram pela abordagem inovadora e inclusiva, com algumas características em comum. Todos buscaram trazer um sentimento de pertencimento e de exclusividade, com uma narrativa (storytelling) estruturada, colocando o torcedor no centro do projeto e/ou com temas definidos que conectaram o clube e a paixão do torcedor, muitas vezes embarcando em alguma efeméride de comemoração, seja de aniversário do clube ou de uma grande conquista.

Em 2023, na mais recente dessas iniciativas, Palmeiras e Puma criaram uma camisa que seguramente ficará na prateleira das mais bonitas e significativas da história, tanto para a marca quanto para o clube, pois realmente já nasce atemporal e histórica.

O novo manto nº 3 traz o mote “O Coração da Terceira Academia” e apresenta um grafismo representando os batimentos cardíacos dos jogadores, registrados durante os jogos decisivos da temporada de 2022.

A nova camisa é predominantemente verde-limão, traz nas linhas ao longo do corpo o registro das batidas do coração de cada atleta e seguramente será motivo de debate ao longo dos anos, entre pais, filhos e netos, que, além de usarem uma camisa com um design bastante representativo, poderão certamente alimentar o imaginário de quais são os jogadores representados em cada linha e quem sabe até palpitar em qual partida ou lance decisivo ela foi captada. Essa resenha é absolutamente exclusiva e só o palmeirense pode participar e descrever. Isso lembra muito a famosa frase do jornalista Joelmir Beting, não é mesmo?

A conexão emocional entre o clube e o torcedor ativa a sua paixão por meio da camisa de jogo, que é o seu principal objeto de desejo. Além disso, gera interesse comercial devido ao ineditismo da criação do time de marketing do Palmeiras. Muitas vezes há questionamentos sobre a performance dos departamentos de marketing da maioria dos clubes de futebol. Algumas vezes elogiados e outras criticados, eles são fundamentais para as partidas que também são disputadas fora de campo. Mas é inegável que essa ação é um golaço e tanto, e conversa com intimidade com o pulsar do torcedor palmeirense e seu time do coração. Literalmente.

E você, já comprou a sua camisa histórica?

Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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