A importância de dominar o ego para ser um líder forte

Durante a passagem pelo Flamengo, fui para a reserva e precisei me reinventar como líder - Gilvan de Souza / Flamengo

No futebol, assim como em qualquer esporte de alto rendimento, saber lidar com os altos e baixos é indispensável na trajetória de todo atleta. O ego, quando administrado na medida certa, pode ser convertido positivamente em autoestima, confiança e estímulo, porém, em excesso, se transforma em arrogância e egoísmo. É nesse cenário que aqueles que sabem como dominar o próprio ego, se destacam como figuras de liderança.

No esporte e na vida, não ser capaz de dominar o próprio orgulho te torna refém de expectativas e reconhecimento, logo, em caso de frustração, o ego domina em proporções excessivas e impacta negativamente o ambiente e àqueles ao seu redor. Por isso, bons líderes sabem como dominá-lo.

A minha consolidação como líder passa diretamente por inúmeras situações em que tive que calar o ego para agir com generosidade, principalmente diante de situações confrontadoras. Um episódio particular da minha carreira que me firmou como liderança foi quando perdi a titularidade no Flamengo.

No começo, foi muito difícil, ficava revoltado com a decisão porque não achava que merecia ser colocado no banco. Mas depois de muita reflexão, entendi que aquela era a oportunidade perfeita de demonstrar que eu, de fato, poderia colocar em prática tudo aquilo que acredito serem os verdadeiros ideais de liderança. Tive a oportunidade de provar, para mim e para os meus companheiros, que, acima de tudo, a prioridade sempre seria o bem coletivo da equipe e que eu não deixaria decepções pessoais me impedirem de seguir.

Assim, transformei essa e outras frustrações que apareceram no meu caminho em estímulo. A cada situação adversa que enfrentava, tornava-me um atleta cada vez mais dedicado e íntegro, justamente por acreditar que a dedicação é a única forma de confrontar injustiças e deslealdades.

Nesse momento, tive que me provar como líder em um momento particular de desconforto, e a forma como lidei com a minha própria frustração fez com que meus companheiros me respeitassem ainda mais. Dessa forma, pude conquistar a autoridade que todo líder precisa.

Então, quando surgia a oportunidade de entrar em campo novamente, doava-me de corpo e alma. Assim, após um tempo, reconquistei a minha vaga e conquistei algo ainda maior, o respeito dos meus companheiros. A forma coerente e generosa como escolhi lidar com uma situação adversa fez com que meus parceiros de vestiário me tratassem com ainda mais admiração.

O verdadeiro impacto de um líder não depende da posição de destaque que ele ocupa, mas sim da forma como ele escolhe agir generosamente em prol do sucesso coletivo da sua equipe. Grandes líderes conseguem transformar adversidades em grandes oportunidades, porque entendem que a capacidade de dominar o próprio ego os coloca no controle das suas atitudes, independentemente das circunstâncias que os rodeiam.

O líder que atinge esse nível de sabedoria pessoal alcança a liberdade para ser dono de suas próprias ações e está preparado para enfrentar os mais diversos contratempos, conduzindo sua equipe ao sucesso.

Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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