A Sportel, o esporte e Benjamin Button

Não ia a Mônaco para a Sportel há mais de dez anos. Na última vez, em 2009, estava iniciando o trabalho como diretora de comunicação na Federação Internacional de Judô (FIJ) e tentando fazer do então recém-criado Circuito Mundial de Judô um produto presente nas transmissões de emissoras do mundo todo.

Falando assim parece algo pré-histórico. Naquela época, a FIJ não tinha sequer um perfil de Facebook, quem dirá considerar “streaming”, “OTT”, “publicidade customizada” e “monetização de fãs” algo dentro da realidade. Essa era a tônica da maior parte das organizações esportivas, diga-se de passagem.

A Sportel é o maior evento do mercado de direitos de mídia para esporte. Trinta e duas edições atrás, devia ser só isso mesmo: venda de direitos para transmissões de eventos esportivos na TV (aberta em sua maioria). Nesse ano, mais de 1.900 pessoas (42% C-Level) de 800 empresas e 71 países circularam pelo Grimaldi Forum, local que tradicionalmente acolhe os três dias de evento.

Sim, as grandes emissoras estavam lá, assim como os gigantes detentores de direitos como NBA, NFL, LaLiga, Bundesliga, etc. Mas havia muito mais nas entrelinhas.

No quase surrealista mundo digital, o tradicional foi alçado ao posto de complemento premium. Marcas agora pensam em como se relacionar direto com suas comunidades, levando experiências e conteúdo, e tendo em troca números palpáveis para apresentar a seus patrocinadores.

Foi fantástico ver como a Sportel cresceu e, usando a palavrinha de todas as horas, se reinventou com tanta velocidade e pertinência. “Todo mundo” continua lá. Só que das 800 empresas presentes, 170 foram a Mônaco pela primeira vez.

Vi com meus próprios olhos soluções inovadoras para distribuição multiplataforma, segmentação de anunciantes, engajamento de público, gamificação, gestão de acervo de imagem, criação de conteúdo digital e outras coisas tão fora da caixinha que quase não consegui entender.

A essência do esporte (felizmente) não mudou, mas sua embalagem sim. Um mercado que precisou ver os anos passando ao melhor estilo Benjamin Button: a cada dia buscando rejuvenescer. Para continuar evoluindo, arrastando multidões e arrebatando corações.

Manoela Penna é consultora de comunicação e marketing, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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