A transformação de Paris a poucos meses dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos

Torre Eiffel será bastante explorada nas imagens dos Jogos de Paris 2024 - Reprodução / Fat Tire Tours

Não são raros os amigos que vieram a Paris nos últimos meses e me perguntaram se aqui seria mesmo a cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em pouco menos de 150 dias.

São poucos tapumes de obras no horizonte, fruto do planejamento sustentável, que prevê reaproveitar instalações existentes ou usar temporárias, tendo construído apenas dois locais de competição, além da Vila dos Atletas. E também são poucas as marcas dos Jogos nas ruas.

Até outro dia, apenas o Hôtel de Ville, sede da prefeitura à beira do Rio Sena, tinha se vestido com o (lindo) branding Paris 2024, juntamente do relógio de contagem regressiva nos arredores da Torre Eiffel. Já na última semana, algumas peças de mobiliário urbano receberam o recém-lançado pôster oficial dos Jogos das mãos de Pascal, funcionário que os instalou, numa simpática ação de comunicação e storytelling, humanizando o ato de começar a dar a Paris um pouco mais de jeitão olímpico.

É verdade que a vida nas ruas começa mesmo é na primavera aqui na Cidade Luz. No inverno mais cinza e molhado dos últimos vinte e poucos anos, parisienses e turistas enfiaram-se dentro de quatro paredes. O tom está mudando agora que março entrou, trazendo com ele, ao lado das flores que já enfeitam os parques, um pouco da energia da reta final antes da abertura dos Jogos.

Fato é que, depois das férias de fim de ano, o 2024 Olímpico começou com o que para os parisienses é a tônica do que lhes espera no verão: preocupação. Os cartazes à vista nas estações de metrô pediam que a população se preparasse para o perrengue previsto para os meses (já sobrecarregados de turistas) de verão. O governo sugeria em letras garrafais o teletrabalho ou as férias. Já os transportes alertavam: é preciso antecipar-se aos Jogos, escolhendo novos caminhos e formas de locomoção. Muitas reclamações sobre obras atrasadas do metrô, despoluição do Rio Sena e segurança. Inúmeras ameaças de greve (esse, sim, o esporte preferido dos franceses). Parece um filme que vimos em 2016.

Dentro do sentimento “Terre de Jeux”, porém, o abrangente programa de engajamento de territórios em torno dos Jogos, as cidades da grande coroa parisiense já colocam suas mangas de fora com mensagens mais positivas.

Vincennes, vizinha da capital, orgulhosa de fazer parte do trajeto do ciclismo e de ter uma fan fest em seu castelo histórico, espalhou outdoors. Até a campanha de Dia dos Namorados por lá teve como mote os Jogos, bem como a semana dedicada à primeira infância agora em meados de março.

Montreuil, também grudada em Paris, estampou suas ruas com uma campanha de atividade para a população.

A pequenina Joinville le Pont, que verá passar o Revezamento da Tocha em um barco a remo nas águas do Rio Marne, lançou uma exposição sobre esporte e espalhou um Quiz Olímpico pelas calçadas.

E o departamento de Seine-Saint Denis, um dos IDHs mais baixos da França e que abrigará não só a Vila dos Atletas mas também uma das maiores fan fests dos Jogos, extravasou seu orgulho em diversas estações de metrô.

Assim os Jogos vão, pouco a pouco, tomando conta de Paris, esquentando o clima de festa e esfriando os nervos da população para quando julho chegar.

Manoela Penna é consultora de comunicação e marketing, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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