As receitas da Fifa

A Fifa anunciou, nesta semana, que este ciclo de quatro anos (2019-2022) que será encerrado ao final da Copa do Mundo do Catar lhe rendeu US$ 7,5 bilhões. O montante vem dos direitos de mídia do torneio, patrocínios (globais e regionais), ingressos, hospitalidade e licenciamentos, entre outros.

O valor anunciado superou em US$ 1 bilhão o que havia sido projetado pela entidade máxima do futebol. E por ser uma instituição sem fins lucrativos, toda essa diferença será aplicada no desenvolvimento do futebol em partes do mundo em que há uma maior necessidade desse tipo de investimento.

Grande parte deste valor refere-se obviamente à Copa do Mundo, que é justamente o produto do pacote que encerra o ciclo. No entanto, a Fifa empacota os seus produtos e faz com que emissoras e plataformas de mídia que queiram transmitir os jogos do Mundial também concordem em exibir jogos de outros torneios organizados pela entidade. É por conta destes acordos que os Mundiais Sub-17 e Sub-20, além da Copa do Mundo Feminina, ganham visibilidade no intervalo entre uma Copa e outra.

Apenas fazendo um breve parênteses, queria dividir um episódio que ocorreu comigo justamente no meu “início de carreira” como comprador de direitos. No início de 2005, entrei em contato com a agência que comercializava os direitos da Fifa, pois queria entender os valores e o modelo de negócio que a agência estaria disposta a trabalhar para um acordo pelos direitos da Copa das Confederações que aconteceria na Alemanha em alguns meses. Foi a partir deste contato ingênuo e sem muitas pretensões que acabamos descobrindo que os direitos para a Copa do Mundo de 2006 também estavam disponíveis. Fechamos, e o Mundial da Alemanha acabou se tornando o primeiro grande evento exibido pelo canal BandSports.

Voltando ao universo das receitas da Fifa, recentemente a entidade deu uma “bronca pública” em seus parceiros de mídia, pois ela, como principal promotora de eventos de futebol, está empenhada em fazer o futebol feminino crescer, mas não vem encontrando suporte destes parceiros que dizem ter interesse em exibir os eventos, só que não estão dispostos a fazer o investimento financeiro necessário para que os eventos de futebol feminino tenham suas receitas ampliadas e, assim, que possa se criar um circulo virtuoso para o desenvolvimento da modalidade. Ou seja, na atualidade, os eventos de futebol feminino ainda não conseguem “se pagar” e, infelizmente, continuam dependentes de receitas provenientes de outros eventos promovidos pela Fifa.

Ao contrário de algumas ligas/federações que têm uma concentração muito grande de suas receitas justamente nas cotas de televisão, a Fifa consegue distribuir um pouco melhor as suas e apenas 50% delas referem-se aos direitos de TV. A área de patrocínio/marketing é responsável por 28%, hospitalidade e ingressos, 8%, Licenciamento, 9%, e os outros 4% vêm de linhas menores de receita.

O futebol continua sendo o esporte de maior interesse no mundo, com receitas bilionárias. Mas o próximo ciclo promete ainda mais com uma Copa do Mundo no maior mercado consumidor do planeta e uma audiência que vem descobrindo e se encantando pela modalidade nos últimos anos.

Os números tendem a crescer ainda mais. A Copa 2026, com 48 seleções, está logo ali.

Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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