Depois da tempestade

Organização norte-americana FaZe Clan anunciou um prejuízo líquido de US$ 14,04 milhões (cerca de R$ 70,19 milhões, na cotação atual) entre janeiro e março de 2023 - Reprodução / Twitter (@FaZeClan)

Nas últimas semanas, algumas organizações de e-Sports anunciaram grandes prejuízos. Outras foram além disso, divulgando o encerramento das suas atividades. O coração aperta ao ouvir isso. A indústria dos e-Sports veio crescendo a passos largos nos últimos anos, e acredito que o sucesso ainda nem começou. Mas estamos vivendo uma crise mundial, isso é fato. E, com a crise, patrocinadores seguram os seus orçamentos, o desemprego e a insegurança fazem o consumidor reduzir gastos, a inflação corrói o poder de compra, e empresas de todas as indústrias precisam ficar alertas e diligentes para se manterem vivas durante a tempestade.

Você sabia que uma organização de e-Sports é uma empresa, né? Muitos ainda não nos veem assim e acreditam que somos um grupo de entusiastas, amantes dos games, atrás de premiações. Somos isso também, mas uma grande organização de e-Sports, como o MIBR, por exemplo, é uma empresa como outra qualquer, com áreas de marketing, financeira, comercial, operações, jurídica, a parte competitiva, é claro, e tem até uma CEO. Como uma empresa, precisamos ter processos, controle de orçamento, planejamento e uma boa governança. Muitos podem pensar que isso traz um custo desnecessário. Eu vejo o investimento em talentos e organização como algo imprescindível para o sucesso.

O desafio nesse momento é identificar onde a sua empresa/organização é forte e se dedicar a isso. Seja no competitivo ou na produção de conteúdo, você precisa criar os valores da sua marca e fazer deles o seu guia. Buscar diversificar as linhas de receita para não ficar dependente de nenhuma e… planejar, planejar muito. O momento pede planejamento e gastos inteligentes.

Apesar de tudo, a meu ver, o universo dos e-Sports continua sendo uma indústria incrível para se investir e fazer carreira. No Brasil, gostamos de competir e torcer. O futebol está aí como prova disso, e os e-Sports não ficam atrás. A comunidade gamer vem mostrando a sua potência e batendo recordes de audiência em diversas modalidades de jogos eletrônicos. As empresas não endêmicas já estão entendendo que, para falar com os jovens, precisam estar nos games, e os e-Sports são uma excelente opção para isso.

É claro que o momento requer dupla atenção, mas, como já falei, acredito muito no potencial dessa indústria. Com a combinação certa de investimentos, parcerias estratégicas, criatividade e planejamento, iremos longe.

Roberta Coelho é CEO da equipe de e-Sports MIBR. Antes, foi cocriadora e CEO da Game XP; chefe de desenvolvimento de negócios e diretora financeira do Rock in Rio; e ainda passou por diversos cargos importantes em organizações no Brasil, Itália e EUA. Ela escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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