É Copa do Mundo: Vamos vestir a camisa canarinho com o orgulho de sempre

Qual é a primeira Copa do Mundo que você se lembra? A minha foi em 1990, na Itália. Até tenho vaga lembrança das pessoas chorando ante a eliminação em 1986, mas foi o Mundial da Itália que realmente acompanhei desde o primeiro jogo e também quando completei o meu primeiro álbum de figurinhas.

Lembro que me emocionei com a vitória improvável de Camarões sobre a Argentina e chorei a eliminação do Brasil para os próprios hermanos, em um jogo daqueles que os deuses do futebol não foram justos com o melhor time. Também foi em 1990 que lembro de ganhar e vestir, com muito orgulho, a primeira camisa amarela da seleção brasileira.

Certamente você também já fez esse exercício mental para recordar da sua “primeira” Copa. Nós, brasileiros amantes de futebol, não só nos lembramos da primeira, mas também de todas as outras. Lembramos de onde comemoramos o tetra, onde choramos a derrota de 1998, da festa que fizemos domingo adentro celebrando o penta e todas as demais eliminações sempre muito doídas.

O que existe em comum em todos esses momentos marcantes para os brasileiros? A camisa amarela da seleção. Não importa onde você estava ou o que você fazia em cada jogo do Brasil e cada uma das Copas, sempre estava vestido orgulhosamente ou rodeado de pessoas trajadas com a camisa canarinho.

Uma camisa que é reconhecida, admirada e respeitada nos quatro cantos do planeta. Que não representa e nunca representará um grupo específico de pessoas, porque essa camisa sempre foi símbolo de união e alegria. Que carrega o suor e a raça de tanta gente humilde que fez do futebol a sua ferramenta de transformação social. Leva também o sonho de muitos meninos e meninas que um dia sonharam em vesti-la e conseguiram como fruto de muita abdicação e trabalho duro, e de tantos outros que ainda não tiveram essa oportunidade, mas continuam sonhando e se esforçando arduamente.

A “canarinho” que habita nosso imaginário futebolístico não foi somente criada para representar uma nova era da seleção após a derrota na final da Copa de 1950, mas também está impregnada com o suor do Rei Pelé, a genialidade da Rainha Marta, as grandes defesas do Taffarel, a saúde da Formiga, os dribles do Mané Garrincha, os gols do Ronaldo, a magia do Ronaldinho Gaúcho, a classe do Rivaldo, o faro de gol do Romário, a força do Kaká, a frieza da Cristiane, a superstição do Zagallo, o vigor do Cafu, a maestria do Capita Carlos Alberto Torres, a voz do Luciano do Valle, a emoção do Galvão Bueno, a dedicação de centenas de profissionais brasileiros que estão trabalhando no Catar para realizar um grande evento, as lágrimas das derrotas e eliminações doloridas, e a alegria e orgulho das cinco estrelinhas que fizeram e ainda fazem da camisa amarela da seleção o símbolo mais reconhecido do principal esporte do planeta.

A partir do dia 24 de novembro, quem já está usando continue e quem deixou no armário chegou a hora de tirá-la. Não importa as suas convicções, abandone as suas diferenças, abrace os seus familiares, amigos, colegas e até desconhecidos, e vamos voltar a fazer aquelas festas que só nós, povo brasileiro, sabemos fazer.

O momento do país pede união, e o futebol mais uma vez estará a favor do Brasil. A amarelinha estampa um Brasil que é reverenciado e amado em qualquer lugar. Vista-a com orgulho, torcendo pelo hexa e por um país muito mais unido.

Romulo Macedo é sócio-fundador da Fan Experience 360 e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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