Há alguns meses, logo após o encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris, trouxe aqui, neste espaço, um pouco do meu incômodo com a falta de exposição que os esportes olímpicos têm na mídia no intervalo entre uma edição e outra dos Jogos.
De lá para cá, sem nenhuma surpresa, o cenário continua praticamente igual. Ou seja, mesmo com o sucesso de alguns dos nossos atletas em Paris, as modalidades olímpicas continuam sendo deixadas em segundo plano, e o foco continua sendo o futebol. Como brinco com alguns executivos estrangeiros, o futebol é o esporte número 1, 2 e 3 deste país e fica difícil achar espaço para outras modalidades.
Temos atletas que continuam performando e fazendo história em suas respectivas modalidades, mas o espaço para eles continua sendo bem restrito. Apenas dando dois exemplos recentes: Rebeca Andrade ganhou o Laureus na categoria Retorno do Ano, e Hugo Calderano derrotou, em um único torneio, os três primeiros do ranking mundial, sagrando-se campeão da Copa do Mundo de Tênis de Mesa, em Macau, na China. São feitos históricos e inéditos para o esporte brasileiro, mas que tiveram pouca cobertura na mídia tradicional.
Mas há uma exceção. Indo um pouco na contramão do que fazem os outros e se baseando nos resultados positivos das transmissões do Pan 2023 e dos Jogos Olímpicos 2024, a CazéTV resolveu fazer alguns investimentos no esporte olímpico. A plataforma comprou um pacote de eventos internacionais de ginástica artística, judô, handebol, skate, atletismo e tênis de mesa, e por enquanto esta é a única iniciativa um pouco mais ampla dentro deste universo. Aliás, a plataforma de streaming de Casimiro Miguel foi a única a mostrar o desempenho de Hugo Calderano ao longo de toda a Copa do Mundo, culminando no título inédito.
Entendo que a audiência para estas modalidades é menor do que o público atingido por uma partida de futebol, mas continuo acreditando que, se o investimento acontecer, por parte das plataformas e marcas, o público virá prestigiar, e os números tendem a crescer.
O que precisamos é educar a audiência e mostrar estas novas modalidades. Com o costume e o hábito de ver um esporte o tempo todo na TV, o interesse cresce e a audiência acompanha. Basta lembrar que, até pouco tempo atrás, o skate era uma modalidade com pouquíssima exposição. Tudo mudou quando virou esporte olímpico e com os surpreendentes resultados da “fadinha” Rayssa Leal.
O tênis é outro exemplo. O interesse disparou por conta dos resultados de Bia Haddad Maia e, mais recentemente, do fenômeno João Fonseca.
Rayssa, Bia e João são casos isolados, assim como Isaquias Queiroz na canoagem de velocidade, Bia Souza no judô e Caio Bonfim na marcha atlética.
Uma maior visibilidade destas modalidades e mais marcas apoiando o incentivo à pratica delas criarão um ciclo virtuoso que pode nos trazer novas Rebecas, Hugos e Rayssas, entre tantos outros.
Temos que acreditar!
Evandro Figueira é vice-presidente de mídia da IMG na América Latina