Esse tal de networking

É networking pra cá, networking pra lá. Ou, em bom português, fazer o bom e velho “social”. Na vida profissional, em especial no mundo de marketing e comunicação, só se fala nisso. Então, relacionamento seria a alma do negócio?

Fiquei pensando nisso noutro dia, quando me deparei com alguns eventos internacionais que se propõem a juntar pessoas e ajudar a dar “match”. Detentores de direitos e emissoras, organizadores de eventos e potenciais patrocinadores. Tem de tudo, para todos. A gente entra nesses eventos como quem circula pelo Tinder. Cheios de segundas intenções, já sabendo exatamente aonde aquilo pode dar. O que é eficiente, até.

Nesse mundão virtual no qual vivemos, em que o on-line foi elevado à enésima potência dentro do contexto pandemia, há também o que se chama de “comunidades”. De novo, players que se colocam em lugar estratégico para mediarem e provocarem novos encontros. Dentro da tela, o que encurta distâncias, mas sempre buscando aquele momento “prime”, com copo na mão, quando a intimidade é acelerada, e negócios podem ser feitos sem se perceber.

Minha reflexão é provocada também pela onda que viralizou no LinkedIn há algumas semanas, com pessoas abrindo suas redes para que outras pessoas fora do mercado falassem de suas habilidades e pretensões, de modo que pudessem ser ajudados por seus contatos a se recolocar, seja apresentando a alguém, ou escrevendo recomendações e até escutando novas ideias de quem quer empreender. “The community works”, dizia a mensagem que terminava com as hashtags #together #letmeknow.

Acho até engraçado. Tenho uma sacola enorme com cartões de visita (desculpem por ainda ser analógica), da qual não consigo me desfazer. Fico achando que aquelas pessoas são mais do que nomes gravados e estão ali para eu poder falar a qualquer momento. Espero que façam isso com os meus espalhados por aí também, afinal, estou aqui, podem contar!

Lembro que, quando cheguei ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2018, carreguei comigo a bolsa e comecei a organizá-la. Achei ali um cartão de Rogério Sampaio, ainda dos tempos da Prefeitura de Santos, mas que agora era meu chefe direto e sentava na sala da frente. Ri sozinha. Mas não joguei fora, não (desculpem, além de analógica, sou acumuladora de papel!).

O que quero dizer com toda essa “pensata” é que, sim, relações são fundamentais. Ainda mais nesse universo mutante que é o da comunicação. “Quem não se comunica, se trumbica”, já dizia o Velho Guerreiro. Relações devem ser cultivadas dia a dia. Pessoas se conectam com pessoas. Pessoas precisam de pessoas. Pessoas gostam de pessoas (tudo bem, e de cachorros também). Pessoas confiam em pessoas. Olhos nos olhos, para ler as mentes. E pessoas fazem negócios, antes de tudo, com pessoas.

Manoela Penna é ex-diretora de comunicação e marketing do Comitê Olímpico do Brasil (COB), atual associada do Arena Hub na Europa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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