Item de memorabília sem certificação é “o barato que pode sair (muito) caro”

Rubens Barrichello assina troféu da Stock Car que foi a leilão; na memorabília, a procedência do objeto é fundamental para garantir autenticidade - Marcelo Machado de Melo / Divulgação

Objetos autografados e/ou usados únicos são valorizados e podem ser bastante valiosos no universo dos colecionáveis. Por esse motivo, a autenticação e/ou certificação são fundamentais como garantia de origem, valor financeiro e resgate histórico.

Há poucos dias, meu sócio na Memorabília do Esporte me enviou um print e uma mensagem mais ou menos assim: “Você viu esse anúncio de venda da camisa do ‘Fulano’?” (vou preservar aqui o nome do astro do futebol (um dos maiores camisas 10 do mundo) e também a plataforma que operava aquela venda, uma das principais do país).

“É uma réplica e, ao que parece, o autógrafo também é. Ele me ligou aqui agora, dizendo que esse autógrafo não é dele. Estão vendendo uma camisa não original com uma assinatura menos original ainda”. Imediatamente, entramos em contato com a empresa para comunicar a fraude, antes que alguém fizesse a aquisição (pagando caro) por algo que simplesmente não tinha valor algum.

Desse episódio veio o argumento para a coluna, especialmente para aqueles que não colecionam apenas por hobby, que investem valores significativos e estão sempre atentos ao mercado em busca de raridades, peças históricas e oportunidades de negócios. Há vários caminhos para se certificar uma peça de memorabília esportiva, mas apenas uma correta: a que segue processos. A tal camisa não passava de um pedaço de pano com um rabisco.

E esse é um dos pontos fundamentais quando falamos de itens colecionáveis e/ou memorabília: a origem. A procedência é fundamental. A veracidade, a legitimidade, a autenticidade de um artigo colecionável só é comprovada por certificação, e, ainda assim, há muito “curioso” fazendo certificação sem processos e/ou compromissos. Claro que não estou sugerindo que qualquer objeto de coleção tenha um certificado, mas é sempre bom estar atento ao potencial dos itens que você tem em casa.

Autógrafo de Pelé, por exemplo, mudou bastante com o passar dos anos – Reprodução

É fácil encontrar empresas que se apresentam como certificadoras fora do país. Nos EUA e na Europa são muitas que entregam um selo e um “papel de pão” sem registro em troca de um punhado de dólares, garantindo algo que não tem qualquer valor e arrancando um dinheiro fácil de alguém que pensa estar valorizando seu acervo. É muito comum também ver promoções de leilões sem que, na maioria das vezes, sejam checadas procedência, detalhes da peça (como idade e características) e feito um estudo de valor de mercado, levando em consideração escassez, história e relevância.

Quando falamos em processos, falamos em pesquisa, documentos, informações, avaliações de técnicos, especialistas e, principalmente, credibilidade. O caso do autógrafo do tal camisa 10 é bem emblemático e muito comum, especialmente quando são atletas mais conhecidos e que possuem assinaturas “simples”, o que estimula a cópia e engana os fãs. Só que há maneiras e maneiras de se atestar se um autógrafo é verdadeiro, e isso pode ir muito além da simples escrita. Detalhes do autógrafo e até mesmo a evolução dele (com o passar do tempo, a mão pode “pesar” mais e a assinatura mudar bastante) são analisados para que seja possível chegar a um parecer até por semelhança.

Pelé, por exemplo, autografou de maneiras diferentes ao longo de sua carreira. Ayrton Senna também apresentava variações em suas assinaturas. E muitos outros. Em alguns casos, dependendo do item a ser autografado, há detalhes como inclusão de algum ponto a mais, uma perna maior de uma letra, do ano ou de alguma outra referência que ajude em uma identificação por parte do especialista.

Todos os dias são feitas inúmeras compras e vendas em sites informais, no mercado secundário, negociações que dificilmente acompanham certificação e que fazem com que o comprador adquira um item que pensa (ou é levado a acreditar) ter sido autografado por seu ídolo, de se tratar de uma peça genuína, pagando um valor que nunca vai comprar essa garantia. Documentos, registros de imagem (vídeo ou foto) que comprovem a veracidade e o histórico são fundamentais para a certificação. Na América Latina, apenas a SportsBília Brasil tem homologação de certificadora por autenticidade.

Item de memorabília sem certificação é “o barato que pode sair (muito) caro”.

Fórmula 1 mantém leilões de peças únicas e usadas em seu site – Reprodução

Aos fãs de velocidade

Você que é fã de Fórmula 1, saiba que vários itens como macacões, capacetes, peças e miniaturas estão sempre em leilão. Acesse o site oficial para saber mais.

E ainda falando sobre automobilismo, a Stock Car fez uma bela ação em parceria com a ArcelorMittal, levando a leilão uma réplica do Troféu dos Campeões da categoria, assinado por todos os pilotos, em ação beneficente em prol da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci), que oferece assistência integral a crianças e adolescentes com câncer e suas famílias. A taça foi arrematada por R$ 13 mil.

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

Sair da versão mobile