O assunto do momento nos bastidores do futebol é o acesso e o credenciamento a influenciadores para acompanhar a partida de dentro do campo como imprensa.
Na última terça-feira (9), durante o jogo válido pela Copa Libertadores entre Flamengo e Corinthians, uma imagem virou trending topics como o terceiro assunto mais comentado no Twitter: o influenciador Negrete correndo e comemorando o gol da partida com os atletas do Flamengo.
Após as imagens repercutirem, o assunto ganhou destaque nos bastidores do futebol. Afinal, o que influenciadores estariam fazendo dentro do campo?
Pois eu respondo. Estavam fazendo o que mais sabem fazer: gerando conteúdo.
A Meta (empresa controladora do Facebook e outros produtos relacionados, como Instagram e WhatsApp) é detentora dos direitos de transmissão da competição e não foi a primeira vez que credenciou influenciadores para acompanhar uma partida da Libertadores de dentro do campo.
O assunto ganhou destaque dessa vez pelo fato de que Negrete é muito amigo de grande parte do elenco rubro-negro e comemorou o gol com os atletas.
Nos bastidores, as coisas esquentaram, e a Associação de Cronistas Esportivos do Brasil (Aceb) emitiu uma nota pedindo explicação à Conmebol. A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp), por sua vez, emitiu nota criticando a presença de “torcedores digitais” dentro do campo. Até mesmo o ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho se posicionou, usando o termo “uma vergonha”.
Tenho certeza de que tanto a Aceb quanto a Aceesp e o Arnaldo (por quem tenho muito carinho e admiração) enxergam o esporte apenas como esporte. E até entendo o direito e a visão deles de defender um espaço que sempre foi destinado a jornalistas.
Mas vou me permitir discordar. O futebol mudou. O esporte mudou. Não é só mais um simples esporte, é entretenimento. Precisamos de mais iniciativas disruptivas no nosso mercado. Precisamos ver câmera no árbitro, influenciador de gandula com uma câmera no boné. Tudo desde que o princípio básico do esporte não seja impactado: a lisura e o cumprimento das regras do jogo, sem nenhum tipo de interferência no espetáculo.
Ou seja, uma iniciativa superválida da Meta, de aproximar a competição de públicos específicos por meio de influenciadores, foi cancelada por uma comemoração espontânea do Negrete com seus amigos.
Será que não seria mais inteligente, ao invés de punir o conceito, adaptar e melhorar a entrega?
Por que não deixar os influenciadores no mesmo espaço, porém dentro de um quadrado de x metros quadrados com um separador de fila simples delimitando o local?
Quero mais é que os patrocinadores tenham a oportunidade de ter esse acesso premium para relacionamento e promoção. Sonho poder ver os clubes colocando um terceiro banco de reservas para campanhas para sócios-torcedores.
Todo mundo olha para o modelo americano e baba falando que lá é diferente, mas, quando temos a oportunidade de nos diferenciar, voltamos à estaca zero.
O esporte mudou. Quanto mais iniciativas como essa tivermos, mais marcas farão parte desse processo, mais valioso ficará o campeonato, mais forte ficarão os clubes, mais jornalistas serão contratados, e assim o mundo vai girando positivamente, gerando receita e entretenimento para todas as partes envolvidas.
Já passou da hora de trocarmos limitação por inovação.
Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência especializada em conectar atletas e personalidades esportivas a marcas, também sócio da BP Sports, agência com foco em intermediação e ativação no esporte, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte