A semana do esporte a motor começou agitada nos bastidores, com o anúncio da aquisição do controle acionário da Dorna Sports pela Liberty Media, em um negócio que deve ser concretizado até o fim do ano.
Se acontecer de fato, o grupo detentor dos direitos da F1 passaria a comandar o principal evento do motociclismo mundial, o que catapultaria a MotoGP muito além do nicho das duas rodas.
Não é segredo para ninguém o que o grupo norte-americano fez com a principal categoria de carros do planeta. A face mais visível da revolução que a Liberty Media provocou na F1 é a série Drive to Survive, na Netflix. Mas o movimento vai muito além e, como já abordamos nos quesitos entretenimento e imersão no mercado dos EUA, foi muito bom para todos os envolvidos.
Hoje, há mais dinheiro circulando no universo da F1, uma fila de empresas interessadas em fechar patrocínio, outra fila de países querendo ter seus GPs, o maior calendário da história e novos players como os Andretti e a GM almejando ampliar para além de uma dezena o número de equipes.
E isso tudo considerando que os últimos anos foram os mais previsíveis da história da categoria.
Em outras épocas, como nas recentes eras de domínio da Ferrari com Michael Schumacher, Red Bull com Sebastian Vettel e Mercedes com Lewis Hamilton, a previsibilidade da F1 era apontada como um fator demeritório para a categoria.
Hoje, todos sabem da prevalência de Max Verstappen com a Red Bull, e a dúvida não é “se”, mas “quando” o holandês garantirá o quarto título mundial e quantos recordes serão quebrados nesse processo. No entanto, ainda assim, graças à engenhosa promoção da Liberty Media, a F1 só cresce.
É a melhor referência possível para a MotoGP, que anda carente de grandes ídolos depois da aposentadoria de Valentino Rossi e o declínio físico de Marc Márquez.
Diferentemente da F1, a MotoGP historicamente tem corridas e campeonatos bem mais disputados, o que naturalmente chama a atenção de qualquer fã/consumidor de corridas. Concretizado o negócio com o grupo norte-americano, as duas rodas terão a musculatura promocional necessária para alcançar uma relevância nunca antes atingida em seus 75 anos de história.
Luis Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre esporte a motor