Na modalidade potência mundial da “creators economy”, o Brasil é imbatível

Judoca Bia Souza conquistou o primeiro ouro do Time Brasil em Paris 2024 - Alexandre Loureiro / COB

Nas últimas semanas, o mundo parou para viver o espírito olímpico. Os jogos foram marcados por feitos ilustres, maestria de atletas veteranos, revelação de novos astros e o aclamado reconhecimento dos talentos brasileiros, especialmente as mulheres. Nosso desempenho no quadro de medalhas em Paris 2024 pode não ter sido entregue no nível das grandes potências mundiais olímpicas, mas quando o assunto é a nossa performance nas redes sociais, a edição provou, mais uma vez, algo que já sabíamos: somos realmente imbatíveis. 

Paris 2024, mais do que nunca, foi a Olimpíada dos atletas se consagrando como criadores de conteúdo, tendo em vista essa crescente da “creators economy”. A título de comparação, Atlanta foi considerada a primeira Olimpíada digital, isso em 1996. Já o evento que aconteceu aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, em 2016, foi marcado por ter ocorrido dias depois do Instagram ter criado a função dos stories. Mas foi apenas em Tóquio, em 2021, que testemunhamos o início da transformação dos esportistas em influenciadores e celebridades do momento. Com suas histórias de superação e desempenho, eles conquistaram muitos seguidores nas redes sociais, uma forma também de se aproximar das pessoas, já que os Jogos ocorreram durante a pandemia de Covid-19. Agora, nesta edição na capital francesa, ficou muito evidente o crescimento e o amadurecimento do fenômeno digital, com as personalidades brilhando na quadra, areia e mar, mas também promovendo muito entretenimento e conexão com o público por meio do universo on-line.

Recentemente, publicamos um estudo detalhado analisando o crescimento dos perfis dos atletas durante os Jogos, e dentro de um mar de 11.216 competidores de 204 países, sete brasileiros estiveram entre os dez perfis que mais cresceram no Instagram. Vale ressaltar ainda que, entre estes sete, estão cinco mulheres, que tanto nos orgulharam. Pela primeira vez na história, o país embarcou com uma delegação feminina maior que a masculina, correspondendo a 55% dos esportistas, e elas trouxeram mais medalhas que os homens. Foi assim também nas redes sociais. Considerando o Top 10 de crescimento do ranking nacional dos atletas, elas, juntas, somaram mais de 20 milhões de novos seguidores. Enquanto isso, os atletas masculinos conquistaram “apenas” 3 milhões de fãs.

A ginasta Rebeca Andrade é o grande nome desse período e segue fazendo história. Além de conquistar o posto de maior atleta olímpica nacional, ela se consolidou como uma das mais populares on-line. A jovem teve o maior crescimento absoluto de seguidores no Instagram, ganhando quase 8 milhões de novos admiradores, hoje somando 12 milhões no total. Outra grata surpresa foi a ascensão meteórica da judoca Beatriz Souza, batendo recorde de crescimento proporcional, com um acréscimo de 30.532%. Ela saltou de uma página com 10 mil pessoas para a conquista de mais de 3 milhões de seguidores.

Podemos dizer que esse resultado é uma combinação de diferentes fatores, como o interesse dos brasileiros pelas mídias (sendo o 3º país com mais usuários no Instagram, somando mais de 134 milhões) e a 2ª nação com maior número de influenciadores no mundo (mais de 13 milhões). Vale lembrar que o atleta tem, por natureza, um caráter heroico para o público. São figuras que conquistam o impossível e carregam o orgulho pelo seu país, o que permite a eles uma “pista diferenciada” para transformá-lo em uma pessoa de destaque no universo on-line.

Contribuindo com estes números em que o Brasil se destaca, estão as páginas de conteúdo agregador, que trazem uma nova forma para o público assistir e acompanhar as Olimpíadas, de uma maneira democrática, gratuita e inclusiva. Com as redes sociais se mostrando grandes aliadas para isso, seja via YouTube com transmissões oficiais na íntegra, ou por meio de cortes e pílulas quase que em tempo real no X (ex-Twitter) e no Instagram. A Cazé TV desempenhou um papel interessante ao desafiar o padrão estabelecido e humanizar a forma de contar histórias. Com isso, conseguiu criar conexões não apenas com os espectadores, como também com todos os envolvidos nesse tipo de evento. Eles fizeram um grande mutirão durante as transmissões divulgando os perfis para que a audiência seguisse os atletas. Inclusive, muitos comentaristas, narradores e repórteres da Cazé TV são “creators” e sabem como esse apoio pode fazer a diferença.

Como ex-atleta, espero que toda essa atenção nas redes sociais possa contribuir para que os nossos ídolos tenham melhores condições de competir de igual para igual com as nações que realizam maiores investimentos no esporte. É muito gratificante ver que o crescimento da nossa indústria de marketing de influência não tem barreiras ou fronteiras. Enche-me de orgulho quando vejo o caminho que estamos trilhando, ainda com muito espaço para expansão. E pensar que lá em 2012, quatro ciclos olímpicos atrás, quando a empresa nasceu com o nome de BR Sports, nosso objetivo era justamente chegar onde estamos hoje.

Formado em Publicidade e Propaganda pela Faap, Celso Ribeiro é fundador e sócio-diretor do Grupo BR Media, especializado em marketing de influência. Tenista, sua disciplina e competitividade emergiram no esporte e o acompanham na carreira como empresário. Conselheiro do IAB Brasil (entidade cujo objetivo é desenvolver a publicidade digital no país) como um dos propulsores do marketing de influência, é sócio em cinco empresas de segmentos distintos

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