NBB é destaque na América Latina

Sesi Franca venceu a BCLA, principal torneio de basquete das Américas, no último fim de semana - Reprodução / Twitter (@BCLAmericas)

A primeira temporada do NBB começou em janeiro de 2009 com muitas expectativas e enormes desafios. Um ano antes, 19 clubes do basquete brasileiro fundaram a Liga Nacional de Basquete (LNB) para organizar o campeonato brasileiro, batizado de Novo Basquete Brasil (NBB), em parceria com o Grupo Globo e com a chancela da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). O movimento acompanhava a tendência mundial de outros países: NBA nos EUA, Liga ACB na Espanha, La Liga na Argentina.

O NBB surgia em um momento de poucos resultados relevantes dos clubes brasileiros nos principais torneios internacionais, como a Liga Sul-Americana e a Liga das Américas, depois rebatizada de Basketball Champions League Americas (BCLA). Entre 1996 e 2008, os times argentinos tinham o predomínio das conquistas da Liga Sul-Americana, vencendo 9 das 12 edições. A Liga das Américas foi criada somente na temporada 2007/2008.

Os cinco primeiros anos do NBB, de 2009 a 2014, registraram um maior equilíbrio nas competições de clubes da Fiba Américas, especialmente entre os clubes brasileiros, argentinos, uruguaios, porto-riquenhos, venezuelanos e mexicanos.

A estreia do NBB nos dois torneios internacionais, no ano de 2009, foi um sucesso: o Flamengo conquistou a Liga Sul-Americana e o Brasília, a Liga das Américas. Quatro anos depois, os clubes brasileiros repetiram o feito com o Brasília sagrando-se campeão sul-americano e o Pinheiros levando a Liga das Américas.

Em outubro de 2013, a Liga Nacional de Basquete lançou a sexta edição do NBB, com 17 equipes. O contínuo amadurecimento do campeonato trazia maior estabilidade para os clubes e oferecia melhores condições de trabalho para o desenvolvimento técnico das equipes. Ao final da temporada de oito meses, no dia 31 de maio de 2014, o Flamengo sagrou-se tricampeão ao vencer o Paulistano, por 78 a 73. Nesse mesmo ano, o NBB mostrou sua força nas duas principais competições internacionais, com as duas finais sendo disputadas por equipes brasileiras. Enquanto o Bauru ganhou o título sul-americano contra o Mogi das Cruzes, o Flamengo conquistou as Américas ao vencer o então campeão, o Pinheiros.

Em setembro de 2014, o Flamengo tornou-se campeão mundial de basquete da Fiba ao vencer o Maccabi Tel Aviv, de Israel, em dois jogos emocionantes, na Arena HSBC, no Rio de Janeiro. Pode-se dizer que o ano de 2014 foi um marco para o basquete brasileiro, quando os clubes do NBB venceram todos os títulos internacionais que disputaram.

Desde então, o basquete latino-americano acompanha uma alta representatividade do basquete brasileiro nos torneios internacionais. Em sete edições da Liga Sul-Americana (seriam nove, mas duas foram canceladas em razão da Covid-19), os clubes do NBB venceram seis. Na Liga das Américas, que desde 2020 tornou-se BCLA, foram dez edições com cinco títulos e três vice-campeonatos para o Brasil. Se considerarmos apenas os quatro anos da BCLA, o NBB levantou o troféu de campeão três vezes, com Flamengo, São Paulo e Sesi Franca, respectivamente. O Quimsa, da Argentina, foi o primeiro campeão.

A força dos times do NBB alcançou o ápice na atual temporada, de 2022/2023, com o Bauru conquistando a Liga Sul-Americana e, na BCLA, principal competição de clubes da Fiba Américas, com as três primeiras colocações sendo ocupadas por Sesi Franca, Flamengo e Minas Tênis Clube, nessa ordem. É a primeira vez na história da Liga das Américas e da BCLA, desde 2007, que clubes de um mesmo país terminam nas três primeiras colocações.

Em setembro deste ano, o Sesi Franca representará o Brasil na Copa Intercontinental da Fiba, correspondente ao Campeonato Mundial de Clubes, torneio em que o Sírio foi campeão em 1979 e o Flamengo é bicampeão, com os títulos de 2014 e 2022. Outras equipes foram vice-campeãs mundiais da Fiba: Corinthians em 1966, Sírio em 1973 e 1981, Franca em 1975 e 1980, Monte Líbano em 1985, Pinheiros em 2013, Bauru em 2015, Flamengo em 2019 e São Paulo em fevereiro de 2023.

Vários fatores podem explicar os recentes resultados dos clubes brasileiros nos torneios internacionais, desde o fortalecimento do campeonato nacional, o NBB, até a estabilidade da economia nacional. Independentemente desses fatores, esses resultados são um alerta para a necessidade de perseguir o contínuo aperfeiçoamento do NBB, porque outros países estão investindo em suas ligas nacionais para retomar a liderança do basquete na América do Sul e na América Latina.

O processo de fortalecimento dos clubes do basquete nacional passa pela constante modernização dos modelos de gestão; pela formação dos atletas nos campeonatos brasileiros de base, organizados pela Confederação Brasileira de Basquete; pelo desenvolvimento dos jovens talentos na Liga de Desenvolvimento Sub-22, competição promovida em parceria com o Comitê Brasileiro de Clubes; e pela evolução técnica do NBB, dentro e fora das quadras.

Esses esforços convergentes de todos os agentes do ecossistema do basquete brasileiro construirão os novos horizontes de crescimento.

Alvaro Cotta é diretor de marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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