No último fim de semana, foram apresentados na etapa do Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), o novo conceito e os novos componentes do carro da principal categoria do Brasil, que tem estreia marcada para a temporada 2025. O novo Stock Car promete ser mais rápido, ter custo mais baixo e já nasce mais conectado com as demandas atuais do mercado automotivo.
Mas, do ponto de vista de ativação de marketing, o principal trunfo do novo conceito é seu desenvolvimento em parceria com marcas importantes atraídas pela nova gestão da Stock Car como patrocinadoras.
Vamos então às novidades, começando por uma que potencialmente entristecerá os mais românticos.
O tradicional motor V8 aspirado será aposentado, dando lugar a um propulsor 2.1L turbo. É um movimento inevitável na nova ordem do esporte a motor, em que a sustentabilidade virou ponto fundamental. Não custa lembrar que até a F1 abandonou, há anos, os beberrões e clássicos motores V12, V10 e V8, e hoje opera “unidades de potência” híbridas V6 de 1.6L e turbo.
Outra novidade no sentido da sustentabilidade entrará nos tanques de combustível, com a atual gasolina sendo substituída pelo etanol.
Não adianta ser saudosista, pois basta olhar os lançamentos dos modelos de rua das principais montadoras do mundo para verificar que a era dos grandes motores foi superada. Então, não faz sentido continuar correndo com eles no Brasil, até mesmo para manter o conceito “Stock Car”, que remete aos carros de linha disponíveis nas concessionárias.
O “esqueleto” do novo Stock Car, batizado de Audace SNG01, também foi totalmente repaginado. O novo chassi emprega o primeiro aço pesquisado e fabricado especificamente para um carro de competição, desenvolvido pela ArcelorMittal.
Não poderia haver melhor endosso de produto para uma patrocinadora do evento.
Outra grande novidade está no terreno da tecnologia, fruto da sinergia com a Qualcomm Snapdragon 5G, marca presente na Stock Car desde a mudança do controle acionário da categoria.
O novo Audace SNG01 terá um pacote inédito de conectividade, com “sensorização” de diversas funções do carro. O novo volante, com inúmeras telas, é a parte mais evidente desse movimento.
Outra inovação que permitirá novas experiências para os fãs será o acesso a imagens 360 graus de todos os carros pelo app da categoria. Essa novidade também renderá benefícios desportivos, como mais informações para os comissários julgarem incidentes de pista com agilidade e precisão.
Ainda no lado desportivo, foi apresentada a nova asa em fibra de carbono e com sistema DRS (asa móvel), similar ao da F1 e ao do Mundial de Endurance (WEC).
Seguindo o exemplo da Nascar, que passou uma temporada testando os carros da atual geração antes de lançá-los em competições, a Stock Car realizará, em 2024, testes dos novos modelos por todas as equipes do grid. Aqui também é um enorme salto positivo, uma vez que as últimas atualizações dos modelos da categoria foram para a pista em cima da hora da abertura de suas temporadas, com pouca margem para eventuais correções de rumo.
O modelo de negócio da categoria também será alterado.
Hoje, os carros são de propriedade das equipes. A partir de 2025, os times farão leasing dos veículos, que passarão a ser de propriedade da empresa promotora da Stock Car.
Quem passou pela exposição do Audace SNG01 saiu muito impressionado e teve motivos para isso: é um modelo mais moderno, capaz de conservar a tradição de mais de 40 anos da Stock Car e em sintonia com o que há de mais moderno pelo mundo.
Além disso, no marketing, cravou uma verdadeira pole-position ao engajar as marcas que investem atualmente na categoria e que têm tudo para seguirem envolvidas com as corridas no longo prazo.
Luis Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre esporte a motor