O Brasil esportivo é dos clubes

Raulzinho voltou ao Brasil para disputar a temporada 2024/2025 do NBB pelo Pinheiros - Gabriella Garbim / Pinheiros

Os Jogos Olímpicos de Paris encerraram mais um ciclo do esporte brasileiro com 20 medalhas, sendo 75% (15 medalhas) oriundas de atletas de clubes esportivos formadores filiados ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC). Se ampliarmos a análise para todos os 277 atletas da delegação brasileira no evento, simplesmente 89% (246) eram de clubes tradicionais como Pinheiros, Flamengo, Minas Tênis Clube, Paulistano, Sogipa e Praia Clube, entre outros.

O CBC começou sua trajetória em 1990, mas foi a partir de 2002, com a criação da Confederação Nacional de Clubes (Fenaclubes), que os clubes aumentaram a representatividade política e conquistaram avanços imprescindíveis para o fortalecimento dos programas de formação de atletas na cultura e na estrutura esportiva nacional.

A parceria do CBC com os clubes nos projetos da Liga Nacional de Basquete (LNB) começou em 2017, na Liga de Desenvolvimento (LDB), com o objetivo de formar uma nova geração de talentos com idade até 22 anos. Em pouco tempo, o NBB Caixa já possui mais de 40% dos seus jogadores formados na LDB. Entre os 12 atletas da seleção brasileira que disputaram a última Olimpíada, nove tiveram passagem pela competição de formação de talentos. Seis chegaram à NBA: Cristiano Felício, Bruno Caboclo, Georginho, Didi, Gui Santos e Mãozinha.

A história dos clubes no Brasil acompanha a linha do tempo do esporte. Somente em 2023, mais de 15 mil atletas participaram de competições no Brasil apoiadas pelo CBC. Se, em algum momento no passado, as escolas tiveram maior participação na iniciação e na formação de atletas, a perspectiva de crescimento do esporte brasileiro atualmente está diretamente associada à capacidade de organização dos clubes por meio da Fenaclubes e do CBC.

Caminhando junto desse cenário, os clubes da Liga Nacional de Basquete anunciaram recentemente a renovação da parceria com o CBC para o próximo ciclo olímpico, até Los Angeles 2028. Nele, estão contempladas as principais competições de clubes de basquete do país, entre elas o NBB Caixa, a Copa Super 8 e a Liga de Desenvolvimento. São mais de 400 atletas beneficiados diretamente, além de recursos destinados à contratação e capacitação de gestores, treinadores e profissionais da ciência do esporte dos clubes. Investimentos em materiais e equipamentos também fazem parte dos editais do CBC para atender a necessidade de oferecer melhores condições de treinamento e formação aos atletas, entre eles Raulzinho, que voltou ao NBB Caixa para uma temporada de recuperação no Esporte Clube Pinheiros. Após 13 anos na Europa e na NBA, o jogador volta a jogar no Brasil para se preparar para uma nova temporada na carreira.

Segundo relatórios do CBC, mais de R$ 890 milhões já foram destinados ao Programa de Formação de Atletas desde 2014. Em 2023, foram 25 modalidades esportivas contempladas com algum apoio. Rebeca Andrade, principal estrela da ginástica artística atualmente, é uma das beneficiadas com investimentos do CBC em equipamentos, estrutura, logística e competições no Clube de Regatas do Flamengo.

Acompanhando esse trabalho do CBC, o basquete continua sua curva de retomada e transformação no Brasil. Desde 2008, a união dos clubes na fundação da Liga Nacional de Basquete vem construindo novos caminhos para colocar a modalidade no mais alto nível internacional. A popularidade do esporte continua em ascensão, empurrada pelo sucesso da NBA no país, pela consolidação do NBB Caixa e pela seleção brasileira.

Essa maior divulgação do basquete é um estímulo para ampliar o interesse da população pela modalidade e, principalmente, de crianças e jovens pela prática do esporte. A partir desse interesse, os clubes têm papel fundamental em acolher os jovens praticantes e oferecer um espaço adequado para a iniciação e a formação de uma nova geração de atletas. Há diversas experiências de sucesso na trajetória de um jovem que sonha em chegar ao alto rendimento. Na quadra, o NBB Caixa está presente em 13 cidades do Brasil, enquanto outras dezenas de equipes sinalizam voltar a investir na modalidade. Na rua, a chegada do NBB Trio, competição de basquete de rua 3×3, surgiu como mais uma iniciativa dos clubes para oferecer aos diversos praticantes alternativas para jogar basquete.

Há muitos desafios ainda para tornar o basquete um movimento consolidado nas comunidades de todas as regiões do país, mas o caminho certamente passará, também, pela continuidade do suporte do CBC aos clubes e ao esporte brasileiro.

Alvaro Cotta é diretor de marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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