O Dinizismo começa fora das quatro linhas

Fernando Diniz venceu os dois primeiros jogos como técnico da seleção brasileira, contra Bolívia e Peru - Rodrigo Ferreira / CBF

Nada melhor do que começar essa nova jornada da minha vida, como colunista da Máquina do Esporte, falando sobre uma paixão nacional: a seleção brasileira.

Falar do “Fator Diniz” na seleção é, antes de tudo, falar sobre encantamento. Seja dos jogadores com o técnico, da seleção com os torcedores, do estilo de jogo, mas, principalmente, é falar sobre liderança e gestão de equipe.

As atuações em campo têm divertido e convencido os brasileiros, mas, apesar da implementação do modelo de jogo único e inovador do “dinizismo” chamar atenção, quando o assunto é Fernando Diniz, o destaque maior fica para o papel que ele assume fora dos gramados, como gestor de vestiário.

Diniz representa a figura do que seria considerado um “treinador ideal”. Em seu modelo de gestão de elenco, ele une todos os pilares necessários para consolidar uma equipe forte e coesa: a gestão pessoal, técnica e tática da equipe, respeitando a pluralidade e a singularidade dos seus atletas.

Por isso, nos depoimentos dos jogadores, a disposição e o otimismo pela oportunidade de ter Diniz como a figura principal de liderança da amarelinha ficam nítidos.

Durante os anos que joguei na Europa, passei por clubes com culturas completamente distintas que me proporcionaram experiências positivas e negativas com treinadores. Quando a gestão não é bem conduzida durante todo o processo, a falta de confiança individual vai tomando conta de toda a equipe, acentuando todas as carências que, naturalmente, qualquer elenco possa apresentar, como foi o caso da minha experiência com Felix Magath no Wolfsburg.

Já no Atlético de Madrid tive boas experiências com Diego Simeone. Tanto ele quanto Diniz são muito semelhantes quando se trata da forma como alinham seus projetos e transmitem sua filosofia de jogo e gestão para a equipe. Os dois conseguem fazer com que todos os jogadores pensem da mesma forma, desde os titulares aos jogadores que marcam presença rotativa nas convocações. É importante para treinadores como eles que todo o elenco e a comissão estejam alinhados pelo mesmo objetivo, assim as decisões de campo são sempre tomadas em prol do sucesso coletivo e os jogadores entendem que nenhum deles pode estar acima da equipe. É o equilíbrio perfeito entre a gestão de atletas e as personalidades de cada um.

O alinhamento do propósito entre a comissão técnica e os atletas encaminha o processo de resgate da esperança na torcida, principalmente, após o vídeo que viralizou do discurso do treinador antes do jogo contra a Bolívia, em que os holofotes ficaram por conta das aspas “vocês são os heróis de muita gente”, exigindo da equipe uma postura forte que honre a história e a tradição da seleção brasileira.

Diniz representa para o Brasil não só a missão de gerir um elenco tecnicamente estrelado, mas também a de recuperar o orgulho e o respeito dos torcedores brasileiros com sua seleção, nesse novo ciclo que se inicia com o processo de superação pela eliminação na última Copa do Mundo.

A preocupação do treinador com a gestão humana e atlética do seu elenco é o que o diferencia dos demais treinadores que já participaram da carreira dos convocados. A conexão cada vez mais alimentada por essa nova filosofia propicia à comissão uma maior liberdade para fazer mudanças no elenco e no modelo de jogo, sempre mantendo um clima positivo de reconstrução no vestiário.

Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreverá mensalmente na Máquina do Esporte

Sair da versão mobile