O “Leilão dos Sonhos” dos uniformes do “Dream Team”

Seleção americana dos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 é considerada o melhor time de basquete da história - Reprodução

Um leilão inesperado mexeu com os fãs de esportes nas últimas semanas. Quem assistiu ao documentário “King of Collectibles – The Goldin Touch” (“Coleções que valem Ouro”, em tradução livre), lançado há cerca de um mês na Netflix, viu surgir, após uma inusitada negociação entre Ken Goldin, CEO da Goldin Co, e Karl Malone, lenda do Utah Jazz, da NBA, e integrante do “Dream Team” (o “Time dos Sonhos”), um leilão daqueles que só acontecem uma vez na vida. Quando acontecem.

Aqui vale uma observação. Para quem não é familiarizado, “Dream Team” é como foi “batizada” a seleção americana masculina de basquete que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992.

Mas voltando ao leilão…

Ken foi surpreendido ao visitar o escritório do “The Mailman”, em Salt Lake City, e ser apresentado a um corredor onde estavam expostos os uniformes completos (camisetas, shorts e pares de tênis) autografados de todos os 12 jogadores. Isso mesmo, dos 12. Estavam lá Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, David Robinson e até o menos badalado (e sortudo) Christian Laettner. Todos foram recolhidos pela esposa de Malone após uma partida na Espanha e guardados intactos até hoje, mais de 30 anos depois.

Ken viu ali uma oportunidade única. E Malone cedeu à investida, aceitou levar a leilão o lote que é parte importante da história olímpica, equipe que é considerada por muitos o maior time de esportes coletivos de todos os tempos (na minha opinião, a versão do basquete da seleção brasileira masculina de futebol da Copa do Mundo de 1970).

Sabe aquela pergunta “o que você faria com…?”, comum quando temos um prêmio acumulado da Mega-Sena? O que você faria com US$ 3 milhões? Pois bem, nada de comprar dezenas de carros populares ou centenas de aparelhos celulares. Alguém com muito dinheiro resolveu investir em uma camisa de basquete.

Depois de quatro semanas, o leilão chegou ao fim na última quinta-feira (25) e, como era de se esperar, a regata de Michael Jordan sobrou na turma: a camisa 9 superou os US$ 3 milhões (mais de R$ 15 milhões, na cotação atual). Só para ilustrar: esta não foi a camisa do eterno 23 do Chicago Bulls que alcançou o maior valor em vendas. No ano passado, a regata do primeiro jogo da série final de 1998 (a do documentário “The Last Dance”) superou em muito a camisa olímpica, ultrapassando US$ 10 milhões (cerca de R$ 53 milhões na época) e se tornando a camisa mais cara da história.

A regata de Larry Bird (número 7) foi arrematada por uma fortuna mais comportada: US$ 360 mil (em torno de R$ 1,8 milhão). A camisa de Magic Johnson saiu por US$ 336 mil (R$ 1,7 milhão), a de Charles Barkley por US$ 230 mil (R$ 1,2 milhão), enquanto o “Almirante” Robinson teve sua camiseta comprada por US$ 116 mil (R$ 600 mil), e as camisas de Clyde Drexler, Karl Malone, John Stockton, Scottie Pippen, Patrick Ewing, Chris Mullin e Christian Laettner, juntas, beiraram os US$ 420 mil (perto de R$ 2,1 milhões).

Além disso, os leilões dos tênis (Bird, Barkley, Malone, Magic, Stockton, Pippen, Ewing, Mullin, Drexler, Robinson e Laettner) renderam mais US$ 475 mil (R$ 2,4 milhões). O par de Jordan foi vendido por US$ 420 mil (R$ 2,1 milhões).

Foram quase US$ 5,4 milhões em vendas de um acervo histórico que, ainda que precificado, pode-se dizer ser de valor inestimável.

Camisa história de Pelé irá a leilão no dia 14 de junho

Para fechar, vale citar outro craque. Uma camisa usada por Pelé contra o Bangu irá a leilão no próximo dia 14 de junho. A camisa branca número 10 do Santos foi usada em um jogo do extinto Troféu Roberto Gomes Pedrosa (Robertão), em 1968, e tem lance inicial de R$ 90 mil. A peça é do acervo do ex-zagueiro Lincoln Alves, que recebeu a camisa de presente do Rei ao final da partida disputada no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, que terminou empatada em 1 a 1. Para participar do leilão, basta acessar este link e seguir as instruções.

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

Sair da versão mobile