O Rei analógico no mundo digital

Mal acabou a Copa do Mundo do Catar e a agência especializada em inteligência de marketing digital Red Torch publicou uma pesquisa que apontava ele, Lionel Messi, o dono da bola, como jogador com maior engajamento nas redes sociais durante o torneio. O camisa 10 argentino angariou nada menos do que 24 milhões de novos seguidores e seu post final, o do título, recebeu até o momento mais de 74,9 milhões de coraçõezinhos vermelhos. Nada menos do que o post mais curtido da história do Instagram.

Alguns dias depois de Messi levantar a taça em Doha, despedia-se desse planeta outro camisa 10. Ou, como postou nosso 10 Neymar, aquele que fez a 10 ser mais do que um número. O 10. Pelé.

O perfil do Rei no Instagram mais do que dobrou de número de seguidores desde sua morte em 29 de dezembro (nunca entendi o motivo por trás disso, confesso). O post de anúncio de seu falecimento até hoje já recebeu 18 milhões de “likes”.

Mas isso não é o que mais impressiona. Vim aqui falar de qualidade, não apenas de quantidade.

Pelé nasceu em 1940. Apenas a última das suas quatro Copas do Mundo foi transmitida ao vivo pela TV no Brasil, em 1970. Ainda em preto e branco. Cazé, o fenômeno do streaming da Copa 2022, sequer havia nascido.

Quando o Rei partiu, o mundo se mobilizou em homenagens. 567 milhões de postagens de 113 países nas primeiras horas, apontou uma pesquisa da Quaest. Mas até hoje o algoritmo do Instagram segue me contando diariamente quem foram as estrelas globais que choraram a perda do ídolo.

De Elton John a Ronnie Wood, clubes milionários e ligas de futebol, representantes de todos os esportes, atletas de todas as modalidades. Não apenas brasileiros. Jogadores ultraconsagrados, hoje ídolos incontestes, que deram seus primeiros chutes inspirados pelo brasileiro Pelé (o que ele fez pela imagem do Brasil até o último adeus não está no gibi). Ex-adversários e ex-companheiros, como o Kaiser Franz Beckenbauer. Aliás, não sei qual post me tocou mais, o do ex-capitão alemão ou o da Nasa. Sim, da Nasa. E teve também Barack Obama.

Não quero ser injusta nem propor uma competição sem sentido, mas “duvideodó” que a Rainha Elizabeth tenha sido reverenciada por tantos mundo afora. E teve muito mais. Teve “simples mortais” nos quatro cantos do planeta escrevendo sobre memórias despertadas pelo nosso Rei.

O mais incrível, além da gama de personagens chorando a morte de Pelé, foi o fato de que boa parte dessas estrelas internacionais resgatou do fundo do baú (ou do arquivo do celular) fotos posadas com ele. Sempre sorrindo. Pelé era um ídolo de carne e osso. Disponível, amável e inspirador.

Posso estar “atrasada” ao escrever isso. Ou não.

Porque Pelé, sabemos, é atemporal.

Pelé é eterno.

Manoela Penna é consultora de comunicação e marketing, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

Sair da versão mobile