Eu poderia começar esse texto falando sobre frustração. Afinal, acho que absolutamente ninguém gostaria de ter sua viagem finalizada por incidentes que te causaram um pouco de medo e angústia.
Porém, o que aconteceu no final da Champions League, no último dia 28 de maio, em Paris, foi apenas um detalhe diante do tamanho do aprendizado que pude ter nos quatro dias que estive imerso nas experiências promovidas pela UEFA.
Quero começar no momento exato em que eu desci do avião, no Paris-Charles de Gaulle. As publicidades e ações espalhadas para recepcionar o grande fluxo de pessoas que chegavam para a final pareciam anfitriãs da cidade.
Nas ruas, então, em cada canto uma conexão implementada de forma inteligente para chamar a atenção do torcedor. Minha primeira visita foi ao UEFA Champions League Trophy Experience, uma Fan Fest que aconteceu uma semana antes na Praça Place l’Hôtel de Ville.
Um cenário de tirar o fôlego ilustrava uma das minhas maiores certezas dessa viagem: os caras realmente sabem conectar, emocionar e se relacionar com o público.
Minipitch, exibição oficial do troféu da UEFA Champions League, exibições de camisas de capitães, pontos de selfie, loja de fãs (Boutique Officielle) com produtos oficiais e muitas outras experiências gratuitas.
É claro que toda essa estrutura faz jus à grandeza do evento, mas não posso deixar de aprender muito com tudo isso. Uma verdadeira reverberação mundial, que eleva esse campeonato ao mais alto nível.
Conheci um pouco de cada ação e pude “casar“ com vários insights que têm possibilidade de implementação aqui no Brasil. Teremos muitas novidades por vir como frutos dessa viagem.
Foram três dias de vivências e imersões com a UEFA, na Adidas, bem como encontros pessoais com nomes como Raí, que me mostraram formas inovadoras de levar as marcas para um próximo nível por meio do relacionamento com o público, posicionamento de mercado e conexões mundiais.
A grande final
No sábado (28), a final da Champions League, mais uma vez, deixou claro o motivo pelo qual empresas do mundo todo querem sua marca estampada nesse evento.
O campeonato em si já é prova concreta de que o esporte pode ser uma verdadeira aula de marketing. A UEFA proporciona para os torcedores uma conexão que liga o campeonato diretamente ao coração e à mente do público.
Além disso, a chance que os patrocinadores têm de fazer ativações da marca durante todo o ano coloca a Champions League na mente do público a todo instante.
Eu reconheço o motivo de a competição ter se transformado em um evento global e ser, hoje, grande referência de uma boa estratégia de marketing no futebol.
É nítida a profissionalização da gestão, que fortalece a marca a ponto de fazer as pessoas cantarem em voz alta o próprio hino da liga.
A UEFA realmente soube transformar a Champions League em um evento refinado, um verdadeiro Cirque du Soleil do esporte. Som, luz e imagem em sintonia criando um ambiente extremamente aspiracional.
A alta gestão de imprevisibilidade
Assim como no Brasil, e em qualquer lugar do mundo, a cidade do amor também passa por momentos de guerra. Não vejo o que aconteceu no jogo como uma falha de gestão, mas como uma imprevisibilidade controlada.
Dentro do estádio, a todo momento os organizadores reportavam informações sobre o que estava acontecendo do lado de fora, com o intuito de manter o público seguro dentro do evento, por questões de segurança.
A diferença entre a crise da Champions League e muitas crises no futebol brasileiro está na gestão da imprevisibilidade. Na capacitação dos profissionais que precisam lidar com as intempéries com agilidade, mantendo a calma e sabendo como, quando e onde agir.
Para finalizar, a Champions League é um evento que definitivamente merece ser aplaudido, aspirado e estudado.
Leandro Figueiredo Magalhães é diretor de negócios do Atlético Mineiro