Um lance insólito de choro antes de cobrança de pênalti elevou o anônimo goleiro Tomate, do modesto time acreano do Andirá, a trending topic do Twitter neste início de 2022.
Toda temporada começa assim: adolescentes desconhecidos ganham os holofotes da mídia convencional e repercussão imediata nas mídias sociais por ocasião da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha.
Campeonato formativo, o evento tradicionalmente é disputado em janeiro e invariavelmente sob calor escaldante ou gramados enlameados pelas chuvas de verão. Tecnicamente, outras competições de base no futebol durante o ano são mais valorosas. Mas acabam, muitas vezes, passando batido pelo interesse do fã de esporte que já destina seu tempo acompanhando o time profissional disputando Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil.
O charme da Copinha está logicamente em sua tradição. Mas sua relevância, acredito, reside no calendário.
É mês de férias de verão. O torcedor-consumidor tem mais tempo livre. A mídia carece de pautas. E a concorrência de outros eventos esportivos de primeira linha no Brasil é praticamente nula.
Já passou da hora de o automobilismo brasileiro aproveitar melhor o primeiro mês do ano e inaugurar a temporada aproveitando esses mesmos fatores que fazem de um campeonato semiamador de futebol de adolescentes um fenômeno de relevância.
O esporte no hemisfério norte é repleto de bons exemplos.
A rodada da Premier League inglesa no Boxing Day (26 de dezembro) é uma grande tradição. Os jogos da NBA e da NFL no dia de Natal também.
No Brasil, a corrida de São Silvestre atinge o mesmo resultado: coloca o pedestrianismo em singular exposição midiática justamente porque a concorrência com outros eventos esportivos é nula em 31 de dezembro.
O Rally Dakar é, no palco global, o evento de esporte a motor que sabe explorar o longo mês de janeiro sem corridas. E, há anos, “corre sozinho na raia”, dominando o noticiário do início da temporada.
No verão do Brasil, todos os autódromos são viáveis. Aqui não estamos sujeitos ao rigor do inverno europeu, que manda times e pilotos acelerarem em países árabes ou na distante Nova Zelândia.
Seria o momento perfeito para abertura da temporada local, por exemplo, com a Corrida de Duplas da Stock Car ou o All-Star Race da Porsche Cup.
Decerto pilotos e patrocinadores teriam muito mais retorno que acelerando, por exemplo, no mês de uma Copa do Mundo de futebol ou de uma edição dos Jogos Olímpicos.
Quem sabe em 2023…
Luís Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte