Opinião: Futebol brasileiro tem caminho muito bem pavimentado pela frente

O mercado esportivo está passando por um momento-chave para o fortalecimento e desenvolvimento das diversas frentes de negócios que nele atuam diretamente.

Fazia tempo que não presenciávamos um período tão empolgante e com ótimas expectativas tanto para o curto quanto para o longo prazo. 

Das SAFs à LIBRA, da regulamentação das apostas à disputa do mercado de placas de publicidade, da descentralização da transmissão aos clubes praticamente com seus uniformes fechados (com todas as propriedades vendidas).

O futebol brasileiro pulsa por profissionalismo, gestão, governança. É um caminho sem volta. E todas as iniciativas citadas acima comprovam que o nosso produto futebol está em fase de grande transformação.

Nos próximos anos, veremos clubes como Botafogo, Cruzeiro, Vasco, Bahia, entre muitos outros, estruturados, com alto poder de investimento, elenco forte, jogadores renomados e, consequentemente, uma grande onda que todo clube gosta de “surfar”, pois a chegada de ídolos reflete no aumento do número de sócios, incremento na receita de bilheteria, mais camisas sendo vendidas, valorização do uniforme, aumento dos índices de audiência e por aí vai.

Quando olhamos para o lado, vemos que agora, mais do que nunca, os clubes (em sua grande maioria) estão começando a entender que, quanto mais pensarmos de maneira conjunta, melhor será o nosso produto e mais atrativo será o nosso campeonato.

Ainda nos dias de hoje, existem muitos dirigentes que pensam que o “tudo pra mim” e “nada pra eles” é benéfico para o seu clube, mas pensamentos assim estão cada vez mais escassos. Um bom exemplo disso é fecharmos os olhos e imaginarmos os quatro clubes do Rio de Janeiro com elencos renomados disputando rodada a rodada quem vai ganhar o Brasileirão. Isso é muito mais valioso do que o Flamengo ganhar 15 vezes seguidas. 

A regulamentação do mercado de apostas esportivas prevista para sair já nos próximos meses fará com que as grandes empresas do segmento despejem caminhões de dinheiro no país. Certamente é um segmento que abrirá muitas oportunidades de trabalho. Já tem empresa de aposta procurando salas comerciais com mais de 100 postos de trabalho.

No campo das transmissões esportivas, o mercado segue agitado. Em um passado recente, o monopólio do Grupo Globo fazia com que tivéssemos a certeza de onde assistiríamos às partidas. Hoje, temos o Amazon Prime Video comprando jogos da Copa do Brasil, o YouTube transmitindo o Paulistão, o Cazé na Twitch com jogos do Cariocão, e a certeza de que a descentralização é um caminho sem volta.

Ainda assim, porém, essa talvez seja a frente de negócio mais difícil de se prever o que vai acontecer nos próximos anos, visto que a tecnologia impacta diretamente e o que temos atualmente pode ficar ocioso a partir do momento em que algo novo é criado.

Na área comercial, se levarmos em consideração as principais propriedades do uniforme como máster, costas, mangas e clavícula, praticamente todos os clubes da Série A estão com seus espaços ocupados. Isso mostra o quanto o futebol brasileiro está se transformando e em constante crescimento. Claro que o mercado de apostas impulsionou esses negócios, com todos os clubes possuindo alguma marca desse segmento como parceira, mas também vemos segmentos que não eram comuns, como o agronegócio, presente atualmente com marcas em 6 dos 20 clubes. 

Fiz questão de pontuar tudo isso para que tenhamos a certeza de que o mercado está crescendo. Daqui a poucos anos, estaremos muito mais fortes e desenvolvidos do que estamos hoje. Cada vez mais teremos menos política e mais gestão. Menos vaidade e mais governança e processos.

O caminho está muito bem pavimentado, e inúmeras oportunidades de trabalho se abrirão. Restará a quem já está dentro do mercado buscar sempre se atualizar com o que está rolando. Quem está fora, sonhando entrar, precisará buscar a capacitação e o conhecimento para que, quando a oportunidade chegar, possa agarrar e não largar mais.

Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência especializada em conectar atletas e personalidades esportivas a marcas, também sócio da BP Sports, agência com foco em intermediação e ativação no esporte, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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