Opinião: Leilões combinam solidariedade, memorabília e ídolos. Todos saem ganhando

Todos temos ídolos de infância, referências que se tornam responsáveis por estimular o interesse e a paixão por esportes. Tive o prazer, o privilégio e o orgulho de conhecer os meus três grandes ídolos, primeiro como fã, e mais tarde, por causa da profissão, de poder trabalhar e conviver com eles, ter uma relação mais próxima e estarmos juntos em diversas oportunidades. Há quem diga “não conheça seus ídolos, eles são humanos”. Eu, no entanto, não trocaria essas experiências por nada.

E é de experiência que escolhi falar nesse artigo. Todos os meses escrevo sobre memorabília, sobre colecionismo, sobre leilões e curiosidades de itens históricos do esporte. Mas está sendo cada vez mais comum ver iniciativas que combinam solidariedade, memorabília e a paixão do fã. E isso é muito legal, especialmente por criar oportunidades pouco comuns para encontros inesquecíveis e momentos únicos que possuem um motivo ainda mais nobre por conta do destino do valor arrecadado.

Falei de solidariedade, memorabília e fãs para citar dois exemplos de ações lançadas recentemente, uma aqui no Brasil, com Zico, outra nos Estados Unidos, com Tom Brady. Nada inédito, mas uma prática que tem sido cada vez mais frequente, daquelas do tipo que “todo mundo ganha”: leilões de artigos únicos que destinam valores para instituições beneficentes, mas que oferecem experiências personalizadas únicas aos fãs.

Em dezembro, Zico promoveu o tradicional “Jogo das Estrelas” no Rio de Janeiro. Em razão de dores no quadril, o “Galinho” esteve em campo por apenas cinco minutos e, para alavancar a arrecadação para entidades sociais, em parceria com a Memorabília do Esporte, decidiu leiloar a camisa que usou no jogo, e o lance vencedor receberá a camisa, com dedicatória e autógrafo personalizados e uma bola autografada da partida. Além disso, poderá escolher entre receber os itens das mãos de Zico em encontro no CFZ ou participar de uma videochamada com o ídolo.

Tom Brady fez leilão beneficiente e faturou US$ 480 mil

Em parceria com a Goldin Auction, Brady alcançou US$ 480 mil (pouco mais de R$ 2,68 milhões) com o “Tom Brady Touchdown Experience” há 15 dias, ação puxada pelo leilão de uma camisa de jogo do Tampa Bay Buccaneers usada em janeiro de 2021, assinada, com patches e alusão à conquista do Super Bowl, com a citação “G.O.A.T.” (Maior De Todos os Tempos) escrita à mão. É a única camisa que se tem notícia em que Brady escreveu “G.O.A.T.”. O combo do lance vencedor incluiu ainda tíquetes para jogo e a oportunidade de viajar a Naples, na Flórida, para receber um passe de Brady, com tudo registrado por uma equipe multimídia, além de um churrasco com o quarterback.

Fila de espera de 5 milhões

Da série “Você sabia?” A edição limitada de sneakers da colab Dior – Nike (Air Jordan 1 Retro OG Dior e Air Jordan 1 Low) foi lançada em pré-venda on-line com preços variando entre US$ 2 mil (pouco mais de R$ 11 mil) e US$ 30 mil (mais de R$ 160 mil). A fila de espera tem aproximadamente 5 milhões de pessoas.

União de Gigantes

A Fanatics, gigante de licenciamentos do mercado de vestuário esportivo, anunciou a compra da Topps Sports, gigante do mundo de cards colecionáveis e memorabília, por mais de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões). Para se ter uma ideia do potencial financeiro da Topps, a empresa fechou o primeiro semestre de 2021 com US$ 212 milhões em caixa. A aquisição fez cadeiras sacudirem dentro de outra gigante, a Panini, que, nos próximos anos, provavelmente terá em mãos “apenas” as figurinhas de futebol.

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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