Opinião: Não é só futebol, é entretenimento esportivo

O ano era 2002 e me lembro de acordar cedo para correr para a banca mais próxima e comprar o jornal com as últimas notícias sobre rumores de transferências do meu clube. As únicas fontes de informação esportiva, para mim, eram os jornais, rádios e os poucos programas de esporte da hora do almoço na TV aberta.

Hoje, 20 anos depois, vemos como a relação entre torcedores e clubes evoluiu. Novos pontos de contato foram estabelecidos, tecnologias foram desenvolvidas e conteúdos foram gerados, criando a possibilidade de consumirmos futebol 24/7 na tela de nossos celulares.

Jogos e informações (de campo e bola) já não são mais suficientes para saciar o desejo de conexão do torcedor moderno com o seu clube de coração. Bastidores, dia a dia dos atletas, canais de influenciadores, lives, redes sociais, documentários, memes, games, grupos de whatsapp e muitos outros conteúdos fazem parte do cotidiano dos aficionados. As mídias sociais, em todas suas variedades, desempenham hoje um papel fundamental na experiência do torcedor, aproximando os aficionados dos seus clubes como nunca antes.

Os clubes deixaram de ser apenas associações esportivas que disputam campeonatos de futebol para se tornarem também companhias de mídia, como afirmou Garry Cook, ex-presidente-executivo do Manchester City “Não somos um clube de futebol, somos, na verdade, uma empresa de mídia de entretenimento esportivo”.

O relacionamento entre times e seus torcedores está em constante evolução. Os clubes que perceberem que também estão inseridos na indústria de mídia e portanto devem investir na criação e distribuição de conteúdo exclusivo, irão abrir uma imensa janela de oportunidades de engajamento e faturamento. Afinal de contas, os clubes têm muito mais acesso aos seus atletas e bastidores que qualquer outro veículo de mídia. 

A fórmula é descomplicada, trata-se de oferecer conteúdo de boa qualidade para atingir novos  torcedores e engajá-los, com isso aumentar a venda de produtos, ingressos, pacotes de sócios e se beneficiar de novos e maiores acordos comerciais. 

Alguns podem torcer o nariz e afirmar que as notícias saídas de dentro do clube nunca serão imparciais e de maneira nenhuma colocaram o clube e seus funcionários em posições desagradáveis. De fato essa nova forma de interação tem os seus prós e contras. Os clubes estão mudando a forma como se enxergam e como se relacionam com seus torcedores. Chegou a hora de prepararmos as nossas telas e apertamos o play. 

*Romulo Macedo é sócio-fundador da Fan Experience 360 e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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