Em um mundo cada vez mais conectado, infelizmente o setor de instalações esportivas e seus gestores ainda vivem em um universo isolado e de pouquíssima interação. Claro que somos um país continental, com as suas diversidades regionais e tudo mais, mas esse período pandêmico nos ensinou que as organizações e seus gestores podem interagir e conversar a qualquer hora e de qualquer lugar por meio das plataformas de videoconferência que a internet nos oferece.
A falta de comunicação entre as instalações fica mais evidente ao conversamos com organizadores de turnês nacionais, sejam musicais ou esportivas. Sempre há a queixa sobre os diferentes tipos de cobrança e modelos de operação. Sem falar nas tabelas de preços de locação e operação, em que as locações chegam a 300% de diferença entre instalações para o mesmo evento.
Somos um setor que não tem uma regulamentação ou modelo próprio de normas técnicas de gestão e operação. Praticamente cada instalação tem seu modelo. Os que têm sucesso, guardam a sete chaves o segredo, raro no mercado. Os “sobreviventes” não sabem como sair das dificuldades, sempre operando no limite. E vale lembrar que praticamente cada estado tem um modelo de fiscalização e cobrança diferente, seja pelo poder público, pelas federações ou pelas confederações.
É preciso urgentemente haver essa troca de informações e conhecimentos. Compartilhar ideias e experiências abrirá um leque de oportunidades inimaginável, independentemente do tamanho da estrutura da instalação (pequena, média ou grande).
Vejamos as vantagens pelo lado operacional. O compartilhamento e a troca de informações, tendências, técnicas, fornecedores e modelos de operação ajudarão no crescimento do mercado e seus profissionais. Pelo lado comercial, as vantagens financeiras para essa integração vão desde a captação de shows, eventos e jogos, até melhores contratos com fornecedores, custos e condições mais acessíveis.
Também precisamos de mais eventos e capacitações específicos para o setor. Temos pouquíssimos cursos e eventos. Só consigo lembrar do Congresso Latino-Americano de Gestão Eficaz de Estádios e Arenas, que era promovido por uma empresa de tecnologia. Muito pouco para um mercado gigantesco, que gira milhões de reais por ano e emprega milhares de pessoas.
Em 2021, foi criada a Associação Latino-Americana de Gestores de Instalações Desportivas (ALAGID), que chegou ao mercado para contribuir no relacionamento e na capacitação do setor. Mas essa associação, ou qualquer outro órgão que venha a contribuir, não terá sucesso se não houver o interesse das instalações e seus gestores para que algo aconteça.
Precisamos de um setor mais forte e unido, gerando mais negócios e empregos.
Kleber Borges é presidente da Associação Latino-Americana de Gestores de Instalações Desportivas (ALAGID) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte