Opinião: Nike celebra 50 anos de história com marca construída a partir de ídolos

A Nike divulgou um filme publicitário, dirigido por Spike Lee, em que celebra os 50 anos da empresa, surgida em maio de 1972. Desde o início, a marca esteve atrelada à imagem de grandes atletas, como Steve Prefontaine, corredor do Oregon, onde fica a sede da empresa. No início, apenas como fornecedora de materiais em um tempo em que o esporte era considerado amador e qualquer vínculo comercial significava banimento de competições como a Olimpíada.

Com a profissionalização das modalidades olímpicas e o desenvolvimento da indústria do futebol, a partir dos anos 1980, esses astros passaram a ser bem-remunerados para utilizar os tênis e demais equipamentos da Nike.

Foi navegando na onda da profissionalização do esporte que a marca consolidou uma constelação de astros e estrelas que valorizavam seus produtos, particularmente os tênis coloridos, que viraram moda a partir dos anos 1990 graças ao melhor garoto-propaganda da história da Nike: Michael Jordan. Mas não parou por aí.

Deixando o casulo das grandes ligas americanas, a Nike buscou o alcance global investindo no esporte que mais desperta paixões no mundo, embora ainda renegado nos Estados Unidos à época: o futebol. Foi beneficiada, ao longo desse tempo, pelo fantástico trio de Ronaldos (Fenômeno, Gaúcho e Cristiano), consolidando a Nike como uma marca do mundo da bola.

E também não parou por aí. Em anos mais recentes, ao patrocinar nomes como Serena Williams ou Colin Kaepernick, foi capaz de quebrar paradigmas. Afinal, uma modalidade quase restrita à elite branca, viu a uma tenista negra se tornar a maior da história. Kaepernick, por sua vez, forjou uma nova tendência: os atletas passaram a se posicionar politicamente, mostrando que não são máquinas de desempenho. Querem ter voz e se preocupam em deixar como legado um mundo melhor.

No filme da Nike, projeta-se o futuro da marca espelhado nas novas estrelas do esporte que dão uma ideia das tendências que veremos nos próximos anos. Neles, temos a ascensão de nomes cada vez mais precoces, como as adolescentes Rayssa Leal e Sky Brown, já medalhistas olímpicas. A busca pela diversidade, que já era tendência, se acentuará, com representantes para lá de multiculturais, como a própria Sky, mas também Naomi Osaka e Chloe Kim. É a síntese Oriente-Ocidente batendo forte à nossa porta.

E, sim, é nas mulheres que as marcas esportivas projetam o crescimento nos próximos anos. O mercado masculino já não tem como expandir. Então, nomes como Sabrina Ionescu, talento forjado com a bola laranja nas quadras do Oregon, ou Reilyn Turner e Sam Gordon, estrelas em ascensão nos gramados, devem endossar muitas campanhas que virão em breve.

Uma tendência, porém, jamais mudou nesses 50 anos: ídolos, mais do que times, competições ou outros ativos esportivos, foram a melhor forma de criar uma imensa base de fãs. E a Nike soube consolidar sua marca ao relacionar seus valores aos de tantos astros. De Prefontaine a Ionescu.

Adalberto Leister Filho é diretor de conteúdo da Máquina do Esporte

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