Opinião: O esporte brasileiro pós-Desimpedidos

Dia 12 de junho de 2013 tem um significado especial para mim.  

Nesse dia, foi lançado oficialmente o canal Desimpedidos no YouTube.

À época, eu era o gerente de parcerias de esportes da plataforma no Brasil. Havia acabado de conhecer o André Barros e o Rafael Grostein, que eram os executivos à frente da Network Brasil, ou NWB, como é conhecida até hoje.

Desde sempre, eles se preocuparam em entender a linguagem do mundo do futebol que era falada fora das salas de reuniões de clubes e entidades ligadas ao esporte.

Não só se inspiraram na linguística da arquibancada como também do mundo digital.

Foram além. Pegaram tudo isso e dividiram aprendizados com as marcas. 

O resultado, nove anos depois, é uma plataforma de produção de conteúdo que representa a forma de falar e torcer do brasileiro.

Criador-torcedor

O Desimpedidos mostrou a parte do iceberg escondida, a oportunidade inexplorada, o desejo ainda não atendido.

A Santos TV foi outro canal que desde sempre soube transitar em um estrutura mais tradicional (a de um clube de futebol brasileiro), com a torcida que já não era mais tão sensível aos esforços de TVs ou rádios em conquistá-la.

Logo, outros produtores de conteúdo surgiram e não só do mundo do futebol.

A não ser que você tenha ficado fora do mundo esportivo na última década, ninguém deve se surpreender com o que virou o negócio deste tipo de conteúdo no Brasil.

Por que você deveria prestar mais atenção em produção de conteúdo esportivo?

Se eu te pedisse para ler um único parágrafo desse artigo, seria esse. Invista no assunto, pois ele pode ser a alternativa mais viável para reter público e gerar receita para seu atleta, clube ou modalidade esportiva.

Conversei com o jornalista Victor Borges, sócio da Core Media e que tem passagem pela Santos TV, Fla TV e LiveMode.

Em sua nova empreitada, Victor tem a oportunidade de trabalhar com clientes como Federação Paulista de Futebol (Paulistão 2022), Netshoes Miners, além de jogadores de futsal e de futebol.

Segundo ele, são vários os pontos que profissionais de esporte devem pensar em relação à produção de conteúdo:

  • Vá além de “jogar o jogo dos algoritmos“: é a sua oportunidade de propor a conversa, de assumir o protagonismo do relacionamento. Mostre outras faces que não são trazidas por um veículo tradicional, conte sua própria história.
  • Tudo isso é monetizável: marcas querem se relacionar com fãs engajados, seja de um atleta ou de um time. Seja você a oferecer isso.
  • Contrato ou faço eu mesmo? “Não há resposta certa“, lembra Victor. Um primeiro passo é entender os recursos disponíveis e os desafios pela frente.  
  • Alinhe expectativas: as pessoas vão querer resultados imediatos e com pouco ou nenhum recurso, o que não vai acontecer. Aqui, vale o bom e velho “combinado não é caro“.

Para quem quer se inspirar em bons exemplos de presença em redes sociais, o jornalista sugere:

Conteúdo de nicho: o case da sinuca

Ainda que seja uma atividade praticada em qualquer cidade do país, a sinuca demorou para ter seu reconhecimento público em termos de produção de conteúdo. 

Com a queda de barreiras e barateamento de produção de vídeos, não demorou para vermos o surgimento de canais dedicados ao tema.

Cito alguns:

  • Hoje existem celebridades nesse meio, como é o caso do Baianinho de Mauá. Muita gente fora do mundo da sinuca já sabe quem é o rapaz.
  • O canal Mundo da Sinuca (com 1,3 milhão de inscritos) transmite a já celebrada Copa do Mundo da categoria. A última edição da competição, transmitida há dois meses, conta com mais de 589 mil visualizações no YouTube.
  • O jogo “8 Ball Pool“ escolheu o Brasil para fazer o lançamento de seu primeiro canal oficial em todo o mundo. Criado em setembro de 2021, o canal já tem 121 mil inscritos.

Se tem gente que pratica uma modalidade, ela certamente estará interessada em consumir (bons) conteúdos.

No lugar certo, com o conteúdo certo!

A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) foi atrás de onde seu público potencial estava. 

Ao criar seu perfil no TikTok, entendeu como recortes do esporte podem gerar ótimas oportunidades de apresentar a modalidade a um novo público:

Com conteúdo proprietário, de execução relativamente simples, o assunto atingiu um público que talvez não tivesse sido possível com qualquer outra ação.

Aprenda com o Professô

Nove anos de vida. 

2.398.766.028 visualizações no YouTube.

Muitos cases de sucesso. 

Coisas que o Desimpedidos me ensinou:

  • Cultura de errar, testar e aprender: quadros, personagens e formatos vieram e se foram ao longo desse tempo todo.
  • Proposta de valor único: o jeito Desimpedidos de fazer conteúdo é ímpar no mercado até hoje. Bom para a audiência. Bom para as marcas.
  • Escala: conta com uma rede de canais parceiros, além de operação de conteúdo que permite ampliar suas oportunidades de receita.
  • Inspiração: quem dá certo, não dá certo sozinho. Estabeleça uma rede de bons parceiros. Isso é muito bom para a indústria esportiva.

Acredite no poder do conteúdo. Seu público está esperando por isso.

Alessandro Sassaroli, que, após seis anos como head da área de gaming do YouTube, se tornou evangelista do universo gamer, auxiliando marcas e pessoas a entenderem e se inserirem no universo dos e-Sports, escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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