Opinião: O que esperar de 2022?

Desde março de 2020, a convivência com a pandemia alterou a vida, os hábitos e as prioridades da população. Apesar do enfrentamento da onda da variante Ômicrom, o ano de 2022 traz algumas oportunidades de saborear momentos de alegria e satisfação com o esporte no Brasil. Essa lista é um resumo do que pode ser interessante acompanhar ao longo do ano.

Futebol

O futebol brasileiro é uma fonte inesgotável de boas histórias. Esse ano não será diferente, seja pelo esperado embate entre as grandes forças nacionais, pelo surgimento de surpresas agradáveis ou dramas inesgotáveis.

Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras conquistaram a atenção do Brasil nos últimos anos. A manutenção desse domínio dependerá da performance dos seus elencos, mas também da concorrência de outros que se reforçaram, como o Corinthians. Provavelmente esses gigantes se encontrarão na Libertadores, no Brasileirão e na Copa do Brasil.

A imprevisibilidade no futebol brasileiro surge, anualmente, nos pés talentosos de inúmeros jovens e veteranos. Red Bull Bragantino, América-MG e Athletico foram algumas surpresas positivas dos últimos dois anos. Seus feitos foram reconhecidos e aplaudidos. Esse ano, qual time será a zebra ou a sensação?

Na categoria “Drama”, Cruzeiro, Vasco e Grêmio devem dominar as atenções na mídia. A missão de retornar à Série A é uma obrigação. Em 2021, o Botafogo conseguiu. Outras equipes, entretanto, viverão a angústia inversa na luta pela permanência na elite do futebol brasileiro.

SAF

Toda lei no Brasil que propõe mudanças no tradicional modelo da gestão esportiva no futebol é recebida com questionamentos e desconfianças. Ainda é cedo para fazer qualquer análise sobre o impacto dessa lei na transformação e na evolução do futebol como negócio nos próximos anos. Apesar disso, em poucos meses, a lei da SAF tornou-se a única ou última esperança para a sobrevivência – ou a recuperação – de clubes importantes do futebol brasileiro.

O anúncio do acordo de venda do Cruzeiro SAF para Ronaldo foi um marco que comprovou o potencial do futebol brasileiro para investidores. O negócio despertou a atenção da mídia, da torcida e do mercado. Na noite de quinta-feira (13), a aprovação do Conselho Deliberativo do Botafogo para a venda do Botafogo SAF para o investidor John Textor foi comemorada pela torcida com festa, alívio e esperança.

Outras negociações estão em andamento. É necessário observar e acompanhar os resultados destas primeiras iniciativas. O sucesso desses projetos pode acelerar a adesão de outros clubes, aumentar os investimentos privados de empresários e fundos no esporte brasileiro e ampliar o mercado de trabalho para profissionais qualificados, em diversas áreas do futebol.

Direitos de transmissão

Será interessante acompanhar os campeonatos estaduais de futebol distribuídos em multiplataformas, entre canais de TV aberta, TV por assinatura e plataformas digitais. Esse movimento, iniciado pelo NBB – Liga Nacional de Basquete – no Brasil, ganhou notoriedade com a Copa do Nordeste e chegou nos campeonatos de futebol: Carioca, Paulista e Mineiro.

A Copa Libertadores seguirá no SBT na TV aberta. O principal torneio de clubes do continente será o ponto alto do futebol na TV Aberta com a presença de Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Atlético-MG. A emissora terá diversos jogos para elevar suas audiências e atrair mais espectadores e anunciantes. Outro destaque do SBT será a Champions League, que fortalecerá o canal no mercado publicitário.

A aposta acertada da Band na Fórmula 1 parece ter agradado o público e o mercado. Para 2022, segundo o colunista do UOL, Ricardo Feltrin, a emissora dobrou o número de anunciantes e o faturamento, que pode chegar em R$ 100 milhões. Após a emocionante decisão do título na última prova de 2021, a próxima temporada tem tudo para ser empolgante. O lançamento da quarta temporada de F1: Drive to Survive na Netflix e a confirmação da participação de Lewis Hamilton podem ser dois ingredientes para apimentar, ainda mais, a F1 em 2022.

Agora na Globo, o surfe (WSL) e o skate continuarão crescendo no Brasil com seus personagens carismáticos que se tornaram campeões internacionais. Vale acompanhar Gabriel Medina, defendendo mais um título, e Ítalo Ferreira, disputando as etapas do surfe mundial. No skate, o trio formado pela Rayssa Leal, a querida fadinha do skate, Pamela Rosa e Letícia Bufoni promoverá uma série de momentos alegres e divertidos nas pistas das competições internacionais.

A Premier League, principal liga de futebol do mundo, continuará na ESPN em 2022 e até 2025. Há anos, a emissora é o principal parceiro de mídia da competição no Brasil. Seguirá entregando um ótimo conteúdo e um produto cada vez mais agradável.

Novos negócios

A inovação continuará presente nos projetos digitais, especialmente na oferta de fan tokens, NFTs e outros ativos que serão desenvolvidos pelos clubes brasileiros. A criatividade na construção desses produtos será um diferencial para o sucesso e, ao mesmo tempo, um aprendizado. Dedique um tempo para acompanhar esses movimentos, dentro e fora do mercado brasileiro.

Outra atividade que acelerará sua atuação no país é o mercado de apostas esportivas. A chegada de novas marcas e a disputa pela atenção dos consumidores agitaram o mercado de patrocínios. Chegará o momento de oferecer experiências e entretenimento para os torcedores e fãs do esporte. Muitas oportunidades surgirão para aprimorar a relação das apostas com o esporte no Brasil. Atenção para inovações em conteúdos, transmissões esportivas, interações digitais, ativações nas arenas, fantasy games e etc.

Esportes nacionais

As três principais ligas do país – NBB, Superliga, Liga Futsal – continuam trabalhando e evoluindo seus produtos. A Liga Nacional de Futsal terminou a edição de 2021 com uma final marcante entre Cascavel e Magnus Futsal. A temporada de 2022, de março a dezembro, deverá trazer novas rivalidades. A Superliga de vôlei, masculina e feminina, definirá seus campeões em abril. As principais forças são as tradicionais equipes mineiras: Minas TC e Praia Clube, no feminino, e Minas TC e Sada/Cruzeiro, no masculino.

O NBB, que corresponde ao campeonato brasileiro de basquete, traz uma narrativa de 16 equipes com o objetivo de superar o Flamengo, atual bicampeão. As movimentações das equipes e dos atletas aumentaram o equilíbrio. A volta do público será um grande atrativo para os playoffs, a partir de abril, que devem ter confrontos emocionantes e momentos históricos.

Esportes internacionais

A NBA e a NFL continuam investindo no Brasil após resultados positivos e crescimento de faturamento. Enquanto a liga de futebol americano tem a ESPN como sua principal e única parceira de mídia no país, a NBA distribuiu seus jogos na Band, ESPN, SporTV, TNT Sports (no YouTube), além do canal NBA Brasil no Youtube.

A expectativa da NFL ficará por conta da festa do Super Bowl e a torcida por mais uma façanha de Tom Brady. Na NBA, novas estrelas estão conquistando espaço, mas os grandes nomes – Lebron James, Kevin Durant, Giannis Antetokounmpo, Stehpen Curry, Chris Paul – devem ser a história dos playoffs. Destaque para o renascimento do Chicago Bulls.

Copa do Mundo FIFA

A realização da Copa do Mundo no Catar nos meses de novembro e dezembro será uma novidade. Os horários dos jogos – 7h, 10h, 13h, 16h – provocarão uma mudança no comportamento da população e no consumo de horas na televisão e na internet. Os jogos ao vivo aumentarão a audiência nos canais de televisão, sites e plataformas digitais nos horários diurnos. A programação no horário nobre – 18h às 23h – deve sofrer menos mudança e ser preenchida com programas sobre as partidas e os resultados do dia.

O último trimestre do ano concentra as principais datas do comércio varejista e a Copa do Mundo contribuirá para os negócios nesse período, interligando as promoções de black friday com o Natal.

Para a festa ser completa, espera-se que a pandemia esteja melhor, com mais vacinação e menos contaminação. Isso possibilitará a realização dos fan fests, locais públicos de concentração para assistir os jogos e celebrar as vitórias da seleção brasileira.

*Álvaro Cotta é diretor comercial da Liga Nacional de Basquete e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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