Opinião: Quem realmente se importa com os NFTs e quem deveria se importar?

Não dá para negar que as expectativas em cima dos NFTs no esporte estão cada vez maiores. Porém, inovação tecnológica costuma ser analisada sempre em cima do dilema que a ascensão e queda iniciais ocorrem à medida que as altas expectativas geralmente superam as experiências nas fases iniciais das tecnologias. Por isso, entender as perspectivas, presente e futura, nos ajuda a contextualizar onde estamos e onde queremos chegar.

Com esse pensamento na cabeça, voltemos à chamada principal. Você apostaria quanto de suas fichas nos NFTs? Ou em qualquer hype que apareça como inovação tecnológica por aí?

É inegável que os NFTs estão causando alvoroços mundiais. Seja no marketing, na tecnologia, no esporte.

Mas uma pergunta que me faço sempre, e venho fazendo para meus alunos, parceiros e clientes constantemente, é: “e sob a ótica das marcas“? Qual é o apetite das pessoas que realmente deveriam importar, ou seja, os fãs e consumidores?

Para mim, essa é a parte mais importante de tudo. Sempre falo para as pessoas olharem fora das suas bolhas. Então, vou tentar colaborar trazendo algumas visões distintas para explodirmos as bolhas de todos, avaliando o apetite fora dessas bolhas que nos engolem e não nos deixam decidir sobre onde as marcas deveriam estar.

Primeiro, é claro que existem movimentos que demonstram claramente que os NFTs estão se tornando cada vez mais visíveis para todos. Quando uma plataforma como o YouTube anuncia que pretende explorar recursos NFTs para criadores, é algo que, no mínimo, devemos prestar atenção.

Os famosos macaquinhos em NFT da Bored Ape Yacht Club / Foto: Reprodução

 

E quando desenhos do nosso “primo” mais distante, gerados por algoritmos, combinando 170 características possíveis de maneira aleatória (cores, roupas, expressões e acessórios) que resultam em tokens mais comuns e outros mais raros, que têm valores mais altos, geram NFTs que no lote inicial valeram US$ 2 milhões e que hoje uma única peça já chegou a ser vendida por mais que isso?

Eu tenho meus NFTs, minhas criptomoedas, sou entusiasta da tecnologia e trabalho com inovação. Então, talvez você esteja se perguntando o porquê deste texto e aonde vamos chegar. E o pior: cadê o esporte?

Vamos responder uma pergunta por vez.

Nas últimas semanas, em todas as aulas ou palestras que dei, sempre me perguntaram sobre NFT e fan token. E todos, ou quase todos lá presentes, não entendiam o processo pelo qual os clubes estavam trabalhando seus possíveis ativos digitais na construção dos fan tokens. Nem me aprofundei a falar de blockchain, contratos inteligentes e Ethereum, pois percebi que a chance de perder a turma seria grande.

Surgiu aí a dúvida. Será que a maioria dos consumidores reais realmente conhece (ou se importa) com NFTs? Nessa hora, nada melhor do que recorrer a uma pesquisa para responder dúvidas reais. Em geral, podemos dizer que os NFTs estão bem concentrados em uma grande minoria.

Pesquisa da Finder de setembro de 2021 sobre a relação das pessoas com os NFTs

 

A pesquisa da Finder, com quase 29 mil pessoas em 20 países, mostra que, embora a adoção de NFTs esteja prevista para aumentar em todo o mundo no futuro, um grande número de pessoas ainda não sabe o que elas são. O Japão tem a maior porcentagem de pessoas que disseram não saber o que são NFTs (90%), seguido por Alemanha (83%) e Reino Unido (79%). No outro extremo do espectro, as Filipinas registraram a porcentagem mais baixa (49%), com Nigéria (52%) e Tailândia (53%) na sequência.

E PARA ONDE VAMOS?

A consciência e o apetite estão concentrados nas mãos de alguns adotantes iniciais, com a maioria das pessoas desconhecendo ou não entendendo atualmente o valor dos NFTs. Qualquer escopo para oportunidades iniciais realmente deve ser feito com base em uma avaliação da posição de negócios específica, categoria e mercado para determinar o apetite do consumidor.

Neste estágio inicial, será um ato de equilíbrio de risco versus recompensa. Para os pioneiros, há alto risco, mas alta recompensa neste espaço. Os líderes de mercado podem se sentir obrigados a agir. E seguidores rápidos podem esperar até que o mercado se estabeleça, e as oportunidades sejam mais óbvias.

Esse papo continuará ao longo do mês na minha newsletter no LinkedIn e nas minhas redes sociais: @fleurysportmkt. Quem quiser interagir, é só me seguir por lá.

Fernando Fleury é fundador da Armatore Market + Science e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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