Os Jogos Olímpicos são únicos, mas não são os únicos. São icônicos, mágicos, aspiracionais. Ostentam a marca não comercial mais valiosa do mundo. Mas tiveram de aprender a conviver com uma série de “filhotes” de diferentes raças e origens.
Na esteira do sucesso (financeiro e de imagem) dos eventos multiesportivos, há atualmente ofertas para todos os gostos. Entre os Jogos continentais, já consagrados, os mais fortes e relevantes são os Pan-Americanos e os Asiáticos, com os Africanos um pouco atrás. A Europa tem dificuldades em emplacar algo similar muito em virtude da resistência de Federações Internacionais (com seus eventos já estabelecidos no continente) e, com isso, a indiferença dos Comitês Nacionais. E a distante Oceania fica refém da polarização Austrália x Nova Zelândia.
Mas não pensem que fica só nisso, não!
Há os Jogos dos Pequenos Países Europeus, os Jogos das Ilhas Africanas, os Jogos dos Esportes não Olímpicos (World Games), os Jogos de Esportes de Combate, os Jogos Urbanos, os Jogos de Esporte da Mente (World Mind Games), os Jogos Mundiais de Praia… E certamente muitos outros que não fui capaz de listar aí e que você, leitor, pode ficar à vontade para enumerar também. Isso porque sequer falei dos Jogos por categoria de idade…
Vovó diria que há sempre um sapato velho para um pé cansado. Acredito que sim. Há modalidades e atletas para todos os gostos. Mas para que não seja um calendário que se canibalize e para que o mercado entenda e compre cada uma dessas oportunidades, é crucial que cada um desses eventos deite no divã. Quem sou eu? Para onde vou? Como quero ser percebido? Por que precisam de mim?
A famosa diferenciação de mercado.
Não se trata apenas de uma diferenciação no nome dos Jogos. Refiro-me a algo muito mais estratégico, que garanta relevância e longevidade. Que transforme uma boa ideia em desejo coletivo. E isso vale para os eventos no Brasil, que voltaram a pipocar no pós-pandemia.
Trago aqui essa reflexão sem nenhum outro objetivo que não seja provocar o pensamento crítico e o exercício valioso de posicionamento de marketing, depois dos últimos dias imersa na Assembleia Geral da Associação de Comitês Olímpicos Nacionais (Anoc, na sigla em inglês), onde se discutiu sobre uma infinidade de Jogos multiesportivos globais, entre eles os Jogos Mundiais de Praia, organizados pela própria Anoc e que em 2023 serão em Bali, na Indonésia, sendo desde já o desafio-xodó dessa minha nova jornada olímpica como consultora de comunicação e marketing da Anoc.
E antes que me perguntem “Manu, por que Jogos Mundiais de Praia?”, eis a resposta: lifestyle, juventude, sustentabilidade, novos esportes, novo público, digitalização. E o seu evento?
Manoela Penna é consultora de comunicação e marketing, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte