Os números que definem uma paixão chamada futebol

Capitão Gustavo Gómez, do Palmeiras, ergue a taça de campeão brasileiro de 2023 - Cesar Greco / Palmeiras

Depois de 38 rodadas, tivemos apenas três equipes ocupando a primeira posição do Brasileirão 2023. O Fluminense, atual campeão da Copa Libertadores da América, nas primeiras duas rodadas, o Botafogo em 31 rodadas consecutivas, e o Palmeiras, de Abel Ferreira, nas últimas cinco rodadas. O time paulista acabou sagrando-se pela 12ª vez o dono da taça do mais disputado campeonato nacional do mundo.

Após a conquista, são muitas e diversas as análises sobre esse título e seus protagonistas. E aqui vale dizer que o jovem Endrick dispensou essa posição e disse que não se ganha nada sozinho, o que é verdade.

Foram 380 jogos disputados, com 178 vitórias dos mandantes (46,84%), 104 dos visitantes (27,37%) e 98 empates (25,79%). Esses números demonstram que o 12° jogador de cada time, a torcida, fez a diferença no chamado jogo em casa.

Todas essas partidas mobilizaram mais de 3 milhões de torcedores aos estádios, garantindo a maior média de público dos últimos 12 anos. Foram 25.677 pagantes por jogo nas 13 primeiras rodadas, superando a edição de 2019, que teve média de 20.169 nesse período, com uma renda média equivalente na casa de R$ 721.600,00.

Tivemos nesse ano ações que encheram os olhos dos torcedores, como a contratação do espetacular Luis Suárez pelo Grêmio, que culminou no vice-campeonato brasileiro, atingindo o número de 21 vitórias no total, uma a mais que o campeão Palmeiras.

O Atlético-MG inaugurou a Arena MRV e consolidou Hulk como um dos maiores artilheiros do clube, inclusive com os pés cravados na calçada da fama do Mineirão. No entanto, não foi a força e a pontaria do craque que fizeram a diferença para ocupar a terceira posição no Brasileirão. Foi preciso a mão do inexorável e experiente Felipão para montar a melhor defesa do ano entre todas as equipes, sofrendo apenas 32 gols.

Além das altas médias de público, a atual edição do Campeonato Brasileiro também apresentou um número elevado de gols, com média de 2,53 por jogo, melhor índice desde os 2,68 de 2011.

Os números que definem uma paixão mostram muito sobre o campeonato quando ouvimos Abel Ferreira, técnico bicampeão, dizer que venceu o time que teve mais resiliência nos momentos de diversidade. O Palmeiras realmente demonstrou isso na recuperação e na arrancada heroica que lembrou a de 1942, com 11 partidas quase impecáveis, sendo 8 vitórias, 2 empates e 1 derrota. Foi o melhor ataque da competição com 64 gols marcados e sofreu o menor número de derrotas, apenas 8.

Fora de campo, o Verdão brilhou no seu programa de relacionamento com o torcedor, com a marca de 180 mil sócios, criando um banco digital que conecta o torcedor ao ecossistema de benefícios do clube. Além disso, conquistou, na véspera do jogo contra o Cruzeiro, o prêmio português Lusófonos da Criatividade, concebido para valorizar os melhores trabalhos do segmento desenvolvidos em países de língua portuguesa. Para completar, um dia após o título, venceu o conceituado SportBiz Award Latino-Americano na categoria “Propriedades Esportivas – Melhor Campanha de RSE (Responsabilidade Social Empresarial)”.

Ambas as premiações foram alcançadas graças à ação realizada pelo time alviverde em favor da ONG Mães da Sé, que desde 1996 ajuda famílias a encontrar pessoas desaparecidas. Em outubro do ano passado, o Palmeiras excluiu a sua conta no Twitter (@palmeiras) por 13 horas, gerando alvoroço nas redes sociais e na imprensa. O perfil palestrino, que na época tinha 3,6 milhões de seguidores, foi reativado com um vídeo da presidente Leila Pereira explicando o motivo do desaparecimento da conta. 

“Se você, torcedor palmeirense, sentiu falta da nossa conta no Twitter, imagine a agonia e a dor de uma mãe que não encontra o seu filho. Eu convido toda a Família Palmeiras a conhecer o trabalho desenvolvido pela ONG Mães da Sé, que leva carinho e esperança para milhares de famílias que têm pessoas desaparecidas”, disse a mandatária.

O ano foi realmente repleto de histórias incríveis, números espetaculares e o aprendizado dos times sobre os primeiros passos das SAFs e do planejamento necessário para se manter na Série A do campeonato mais disputado do mundo em mais uma página incrível da nossa paixão nacional.

Encerro o ano agradecendo a oportunidade que a Máquina do Esporte me proporcionou nesses dois anos de poder publicar artigos com uma forma diferente de ver a relação entre o torcedor e seu clube do coração, além de poder não só contar histórias sob pontos de vista diferentes, mas contribuir com uma indústria que continua crescendo, com um oceano de possibilidades a serem exploradas por todos que, assim como eu, acreditam e contribuem para um futebol cada vez mais conectado com o seu principal protagonista (que me perdoe Endrick e todo seu talento), que é o torcedor.

Feliz 2024!

Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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