Para as mulheres, sempre o pior?

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"Tente ver se seu projeto, campanha ou ação, tenha previstas atitudes que atendam a todos os públicos" - Toa Heftiba no Unsplash

A chaga acontece com data marcada: todo santo dia. 

As mazelas que afligem as mulheres brasileiras têm um KPI macabro, não falhando um só dia. Enquanto eu apurava conteúdo para esse artigo, a maldição mostrou sua precisão britânica.

Após ser atingida por uma garrafada, a torcedora não resistiu aos ferimentos. Morreu aos 23 anos, em uma praça esportiva.

O jogo era Palmeiras e Flamengo, no badalado Allianz Parque, em São Paulo. Em teoria, com o tal padrão Fifa após 2014, deveria garantir alguma qualidade para o público feminino. 

Definitivamente não é o caso.

Nesses últimos tempos estou dedicando um bom tempo do meu dia para entender mais o assunto. E de imediato, a coisa começa pela falta de empatia masculina. A minha inclusive.

Como a menstruação afeta um evento

A equipe de insights da Webedia publicou a pesquisa Festivais, Banheiros e Menstruação

O insight veio de um evento de games (a última edição da Brasil Game Show ano passado), mas vale para qualquer evento – público ou privado – que tem aglomeração de pessoas.

Graças a falta de olhar prático e empático ao público feminino, situações são simplesmente ignoradas por organizadores e patrocinadores.

No período menstrual, as mulheres têm nesse tipo de evento uma série de desafios a mais para lhe darem com algo que por si só já não é confortável. 

Entre outras coisas, a falta de estrutura significa impacto em termos higiênicos, médicos, clínicos, financeiros, psicológicos entre outros. 

Se você acha que é exagero (especialmente se for homem), sugiro ler cada uma das 51 páginas do estudo.

E aí, talvez, você entenda o que pode fazer com seu ginásio ou estádio fiquem sempre lotados.

Mulheres nos Games e e-Sports: na alegria e na tristeza

A questão é cultural. Em especial em algo com dimensões tão gigantescas em termos de público aqui no Brasil. 

Então, o preconceito com o público feminino acontece tanto no mundo de games como no dos esportes também.

Tenho para mim, que as mudanças que vemos em termos de apoio à cena competitiva feminina, tem na tal da economia criativa seu grande motor de mudança.

A Cazé TV irá transmitir a Copa do Mundo Feminina. E vendeu 10 cotas de patrocínio, conforme a Máquina do Esporte já deu aqui.

A NWB já vem desde seu início se preocupando com o protagonismo feminino no mundo da bola. 

Lançou um ótimo material para você conhecer canais femininos que cobrem o mundo do futebol.

O material é o 12 criadoras de conteúdo em alta para investir durante o mundial de futebol feminino.

A Ubisoft, detentora do jogo Rainbow Six Siege (R6), traz mais uma vez seu torneio para o público feminino no Brasil.

O torneio está em pleno andamento e as finais acontecem em agosto.

Entre outras coisas, a Ubisoft tem uma abordagem focada em desenvolvimento pessoal e profissional das atletas participantes.

Nós, os homens do mercado

Chegou um dia em que caí em mim sobre o fato de que “eu sou o mercado”. 

O que quero dizer com isso?

Seja por uso de verba ou definição de estratégia de público, minhas decisões podiam ser protagonistas (ou não) em situações que impactam diretamente a vida dos brasileiros. E para reforçar meu ponto, brasileiras.

Tente ver se seu projeto, campanha ou ação, tenha previstas atitudes que atendam a todos os públicos.

Da próxima vez que você for investir em ações para o público, não se esqueça delas.

Alessandro Sassaroli é diretor comercial de gaming na Webedia Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte.

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