Sim, quase tudo pode ser considerado memorabília no esporte

Diversas camisas de Pelé foram leiloadas em um leilão parrudo, promovido pela Julien’s Auctions no último fim de semana - Reprodução

Outro dia, em uma conversa, um amigo me questionou: “Mas o que pode ser considerado memorabília no meio do esporte?”.

“Quase tudo”, respondi. Sim, quase.

Para ser considerado memorabília esportiva, o item precisa carregar uma história. Podem ser peças de uma coleção, limitada, numerada, autografada, seriada. Ou pode ser um item único, carregado de histórias e simbolismos. Algo que tenha um significado especial.

No último fim de semana, um leilão parrudo, promovido pela Julien’s Auctions, trouxe para leilão quase 850 itens e, entre tantas relíquias, algumas estranhas aos olhos de quem não acompanha o mercado tão a fundo. E tinha muita, mas muita coisa de Pelé.

O leilão foi dividido em três lotes: na última sexta-feira (23), foram arrematados itens do futebol europeu; no sábado (24), dezenas e dezenas de itens de Pelé; e no domingo (25), uma variedade enorme de peças do esporte americano, com destaque para muitos itens de Michael Jordan, entre eles um conjunto completo da Universidade de North Carolina vendido por mais de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,25 milhão, na cotação atual).

Tinha memorabília para todos os gostos: Muhammad Ali, Mike Tyson, Bill Hartack (lendário jóquei que, só com o lote de troféus que foi a leilão, ultrapassou a casa dos US$ 400 mil (R$ 2 milhões)), Babe Ruth, Joe Montana, Tom Brady, Larry Bird, Kobe Bryant, LeBron James, Joe DiMaggio e muito mais.

Mas voltando a Pelé.

Eram placas, estátuas, flâmulas, fotos, quadros, cards, camisas oficiais, antigas, atuais e promocionais (até da Vitasay tinha, os mais velhos se lembrarão), um acervo enorme que sempre desperta a curiosidade de se saber a procedência, pelo volume de itens e, principalmente, pelo lado histórico.

Entre tantas coisas interessantes, quatro chamaram atenção (e fazem com que me remeta à resposta que abriu essa coluna, do ‘Quase tudo’: dois passaportes de Pelé (arrematados por cerca de US$ 10 mil (R$ 50 mil)), além de uma carteirinha do Rei do Futebol como estudante de Educação Física e outra do Cordão do Bola Preta, tradicional e centenário bloco de carnaval do Rio de Janeiro.

Mas o que mais me chamou atenção não foi um item de Pelé (ainda que muitos fossem bem interessantes) ou de Ali ou de Jordan, mas uma camisa verde e amarela, número 14, usada por Amaury de Almeida Nóbrega na primeira participação da seleção brasileira no campeonato de futebol dos Jogos Olímpicos, em Helsinque 1952, a mesma em que Adhemar Ferreira da Silva conquistou a primeira de suas duas medalhas de ouro.

A camisa de Amaury recebeu 16 lances e foi arrematada por US$ 1.625 (pouco mais de R$ 8 mil). Uma relíquia que me fez coçar a mão para entrar na disputa. Que peça!

Ah, e outras duas camisas olímpicas do Brasil estavam no lote: Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, ambas de Pequim 2008 e ambas sem o escudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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