Sobre Jedá, experiências e a idolatria saudita a Marcelo

Jedá, na Arábia Saudita, deverá ser uma das cidades anfitriãs da Copa do Mundo de 2034 - Divulgação / Visit Saudi

A última coluna do ano não é, excepcionalmente, sobre colecionáveis ou memorabília, mas, sim, sobre a saudita Jedá, sede do Mundial de Clubes da Fifa. No momento em que escrevo, passa das 6h de sexta-feira, dia 22 de dezembro, data da final entre Fluminense e Manchester City, que será disputada na “Jóia Brilhante”, o imponente King Adbullah, um dos estádios da Arábia Saudita para a Copa do Mundo de 2034.

Acho que ninguém que viajou (ou poucos dos que enfrentaram essa longa viagem) até Jedá tinha muita ideia do que encontraria na cidade. A primeira (e óbvia) interrogação era sobre a questão cultural, um ponto de atenção que envolve religião, costumes, regras e limites (incluindo todas aquelas que foram debatidas à época da Copa do Catar).

O imponente Estádio King Abdullah receberá a final do Mundial de Clubes 2023 – Reprodução

Não havia informações tão precisas, principalmente pelo fato do país estar se posicionando de maneira diferente nos últimos anos para ser mais “simpático” e aberto ao turismo (no meio do caminho, houve uma pandemia que atrapalhou bastante os planos), dúvidas que esbarravam também pela necessidade de visto e outras exigências.

Diante do receio de um “choque de cultura”, não ouvi comentários sobre incidentes de intolerância religiosa, exageros, comportamentos inadequados, nenhum episódio que criasse desconforto ou constrangimento durante toda a semana envolvendo turistas e o povo de Jedá.

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O segundo ponto, este bem mais importante para a Fifa e a organização do que para os estrangeiros, era o envolvimento do povo com a competição, a mobilização da cidade por conta do evento, o entusiasmo dos moradores de Jedá em receber o campeonato.

A verdade é que a cidade se esforçou para agradar da melhor forma possível. Como visitante, o que dá para dizer é que, se não houve uma comoção tão grande da população (e isso está ligado, claro, à eliminação precoce do Al-Ittihad, de Karim Benzema), não faltou simpatia, gentileza, algumas palavras em português e uma admiração enorme (e unânime) declarada por Marcelo (falando pelo lado brasileiro da competição).

Lateral-esquerdo Marcelo domina bola no duelo entre Fluminense e Al-Ahly, pela semifinal do Mundial de Clubes da Fifa – Reprodução

O saudita idolatra o lateral-esquerdo do Fluminense. Sim, idolatra. Essa é a melhor maneira de definir o sentimento pelo ex-jogador do Real Madrid. Não é surpresa que haja admiração, mas foi até certo ponto impressionante a maneira como se referiram ao craque tricolor. Do recepcionista do hotel ao taxista, do atendente da lanchonete ao funcionário do estádio, não há quem não fale do camisa 12 quando o assunto é Fluminense ou Brasil.

Justiça seja feita, há espaço também para Felipe Melo no coração dos sauditas (por tudo que fez pelo Galatasaray). Mas é quando falam de Marcelo que os olhos brilham.

Muitos do que estiveram ou ainda estão em Jedá conheceram um país que, se ainda não está pronto da maneira como precisa estar para o turismo, oferece experiências diferentes e passeios interessantes no deserto (com direito a camelos, tempestades de areia e jantar em tendas) e no Mar Vermelho. Ah, sim, há também os pontos de encontro, como a Fan Fest de Al-Balad, centro histórico da cidade, a Fan Zone no entorno do estádio e uma Fan Zone promovida pelo Al-Ittihad.

Durante dez dias, Jedá respirou um ar diferente do habitual. A aposta é que o Mundial tenha sido um estímulo importante para despertar um interesse maior pelo esporte e fazer com que, em 2034, o país esteja mais preparado para o turismo e, claro, mais apaixonado por futebol.

Messi e as camisas de 2022

Para não dizerem que não falei de memorabília…

O lote com seis camisas usadas por Lionel Messi na campanha do tricampeonato mundial da Argentina, em 2022, foi arrematado por US$ 7,8 milhões (cerca de R$ 38,1 milhões) em um leilão na Sotheby’s, realizado na semana passada, em Nova York (EUA). Foram apenas três lances e, apesar da fortuna, a expectativa inicial não foi alcançada, uma vez que esperava-se que o valor superasse os US$ 10 milhões (quase R$ 50 milhões). Parte da renda será destinada ao Hospital San Joan de Deu, em Barcelona (Espanha).

Seis peças usadas pelo astro argentino na Copa do Catar foram a leilão na Sotheby’s – Reprodução

Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom), cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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