Tradicionais figurinhas da Copa do Mundo são também um fenômeno digital

Os meses que antecedem a Copa do Mundo Fifa sempre trazem uma expectativa muito grande a todos os torcedores do planeta. Lançamentos de camisas, últimas convocações e amistosos, planos para ver os jogos e, claro, o álbum oficial da competição. Lançadas na segunda quinzena deste mês, as tradicionais figurinhas da Copa do Mundo Fifa 2022 têm sido um sucesso muito além do seu meio nativo, o off-line.

Apesar do valor relativamente alto para a atual situação econômica do Brasil, o álbum e as figurinhas tiveram uma procura inicial imensa nas grandes cidades do país. Torcedores de todas as idades começaram as suas coleções e, com publicações em plataformas digitais – de redes sociais a aplicativos de mensagens instantâneas –, ditaram a conversa em torno do Mundial desde o dia 19 de agosto, data da chegada das figurinhas às bancas de jornais de todo o país.

Até aqui, uma série de players gigantes da indústria de conteúdo digital tem buscado realizar cross bastante interessantes com o tema que viralizou. O influencer Felipe Neto, por exemplo, realizou uma live de mais de quase 4h30 com as figurinhas. Na transmissão ao vivo em seu canal do YouTube, que reúne 44,4 milhões de inscritos e leva o posto de segundo mais popular do Brasil, ele abriu centenas de envelopes, completou o álbum e, de quebra, arrecadou verba a instituições de caridade.

Outro exemplo de cross que resultou em um ótimo resultado final foi uma publicação da Conmebol Libertadores na semana prévia ao início das semifinais. Em uma arte publicada em suas redes sociais, a competição trouxe jogadores destacados dos quatro semifinalistas em formato de figurinha e fez parte da conversa que dominou o ambiente digital dos fãs da Copa nas últimas semanas.

Como não poderia ser diferente, especialmente no Brasil por conta da enorme criatividade dos brasileiros, as figurinhas também se transformaram em memes. Falando especificamente de futebol (pois até de políticos surgiram), muitos memes em formato dos cromos do Mundial foram criados e publicados nas plataformas digitais. Um dos que se tornou mais populares nos últimos dias foi a figurinha de Rodinei, lateral do Flamengo que passa por boa fase, como parte dos convocados da seleção brasileira de Tite.

Fora das redes sociais, o ambiente digital também foi envolvido pelas figurinhas da Copa do Mundo de diversas maneiras. A própria Panini lançou, mais uma vez, uma versão on-line do álbum oficial. Já disponível para desktop e Google Play, e em breve na Apple Store, tem ativação da Coca-Cola, um dos patrocinadores do torneio, e é gratuito. Mesmo sendo bem menos popular que a edição impressa, até a manhã desta segunda-feira (29), mais de 2 milhões de fãs em todo o planeta já tinham iniciado a coleção virtual de cromos.

Falando nas lojas de aplicativos, o que também não faltam são apps voltados à coleção do álbum físico. No Google Play e na Apple Store, inúmeras opções estão disponíveis para os usuários organizarem as suas coleções e, entre outras funcionalidades, saberem com maior facilidade os cromos faltantes.

Mesmo estabelecidos há decadas, o álbum oficial e os cromos impressos são um enorme – e atual – case de sucesso. O projeto mantém uma das grandes tradições para os torcedores de futebol em todo o planeta sem mudança brusca, mas também democratiza e moderniza o produto ao oferecer uma versão gratuita e on-line. E, com todo esse trabalho brilhante, consegue, mais uma vez, viralizar. Sim, as tradicionais figurinhas da Copa do Mundo são também um fenômeno digital.

André Stepan é jornalista, pós-graduado em marketing esportivo, especialista em comunicação e conteúdo digital, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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