Reinado de Marta na seleção brasileira feminina chega ao fim

Trajetória de Marta na seleção começou em 2002 - Reprodução / Instagram fifawomensworldcup

Existem certas cenas que, de tão recorrentes e poderosas, acabam sendo assimiladas pelas pessoas, a ponto de elas não mais conseguirem imaginar como seria a vida sem aquela situação. Se alguém falar em seleção brasileira feminina, nem é preciso perguntar qual é a primeira imagem que virá à mente do interlocutor.

Para a maioria dos brasileiros, certamente será a de Marta entortando as adversárias e depois balançando as redes, trajada com a 10 amarelinha.

É evidente que o futebol feminino brasileiro não se resume à alagoana. Mas deve muito a ela. Na manhã desta quarta-feira (2), seu reinado na seleção em Copas do Mundo chegou ao fim. Desfecho melancólico, com direito à eliminação diante da Jamaica, em um empate sem gols, em que a Rainha não teve a chance de exibir todo o talento a que os súditos sempre estiveram acostumados.

Nada que ofusque tudo o que a camisa 10 fez pela seleção feminina. E foi muita coisa, ao longo de 21 anos. Sua trajetória no time canarinho teve início em 2002, ano em que ela trocou o Vasco (seu primeiro time profissional) pelo Santa Cruz, de Minas Gerais, onde permaneceria por duas temporadas, até ser negociada com o futebol sueco.

Pela seleção feminina, Marta conquistou duas pratas olímpicas (em 2004 e 2008) e dois ouros pan-americanos (em 2003 e 2007). Isto sem contar três títulos na Copa América Feminina (2003, 2010 e 2018), além do vice-campeonato da Copa do Mundo Feminina de 2007.

Entre as marcas individuais alcançadas no decorrer da carreira, merecem destaque os cinco prêmios de melhor jogadora do mundo, entregues a Marta pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), em 2006, 2007, 2008, 2009 e 2018. E também a Bola da Ouro da Copa do Mundo Feminina 2007 e o prêmio Fifa Ballon d’Or 2010.

Em 183 jogos pelo Brasil, Marta anotou 119 gols, o que a coloca na condição de maior artilheira das seleções masculina e feminina, ficando à frente de nomes como Pelé, Neymar, Ronaldo e Zico. Em Copas Femininas, foram 17 gols, que rendem à camisa 10 o título de maior goleadora de Mundiais (tem uma a mais que o alemão Klose).

Nesta Copa do Mundo, Marta amargou o banco de reservas durante a maior parte do tempo. Entrou como titular na partida contra a Jamaica, fato que não serviu para livrar o Brasil da eliminação precoce. Com o fim do reinado da camisa 10 na seleção, resta saber quem herdará seu trono, nos próximos anos. Não será uma missão nada fácil preencher essa lacuna.

Homenagens

Pouco depois do fim da partida que selou a eliminação do Brasil na Copa do Mundo Feminina 2023, o perfil oficial da competição postou uma homenagem a Marta, com uma montagem reunindo fotos de diferentes fases de sua carreira. O conteúdo foi compartilhado pelo perfil da seleção feminina.

A ONU Mulheres foi outra que compartilhou conteúdo para celebrar a história da jogadora. Marta é embaixadora da instituição.

Antes da partida, por obra do acaso (ou do destino), a Fifa havia compartilhado no Instagram um vídeo em que a atleta se emociona ao comentar sobre sua primeira participação em Copas do Mundo, ocorrida 20 anos atrás. “Nos abrimos as portas para a igualdade”, afirma um trecho da legenda do post, que se refere a Marta como lenda do jogo feminino.

A Latam, patrocinadora de Marta, utilizou seus stories para agradecer a jogadora, que é embaixadora global de inclusão e diversidade da companhia aérea.

Latam homenageou Marta no Instagram – Reprodução / Instagram @latambrasil

Nesta semana, no embalo da partida decisiva diante da Jamaica, outras organizações parceiras da atleta aproveitaram para destacá-la nas redes. A Neoquímica, por exemplo, veiculou no Instagram trecho da entrevista concedida por Marta ao ex-jogador Ronaldo Fenômeno.

Já o Orlando Pride, time de Marta, fez um post afirmando estar orgulhoso da atleta e de suas colegas de seleção que atuam pelo clube.

Marta seguirá atuando pela equipe dos Estados Unidos. Ainda que seu reinado em Copas do Mundo tenha chegado ao fim, existe sempre a possibilidade de que a atleta volte a vestir a camisa 10 do Brasil, em uma ou outra ocasião.

Mesmo que seja em um jogo de despedida. Será um momento difícil, mas inevitável para um futebol feminino que segue em busca da constante evolução. Enquanto isso, os recordes e feitos de Marta estarão ali, aguardando por alguém que os supere.

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