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Flamengo mira atingir até 900 mil brasileiros com transmissões do Brasileirão no exterior

Serviço de streaming, que estreará no próximo dia 29 de março no jogo contra o Internacional, terá custo fixo em dólar para todo o mundo

João Guilherme cumprimenta Flávia da Justa em evento da Flamengo TV - Hermes de Paula / Divulgação

João Guilherme cumprimenta Flávia da Justa em evento da Flamengo TV - Hermes de Paula / Divulgação

O Flamengo relançou, nesta semana, seu canal no YouTube com a expectativa de ajudar a trazer mais renda ao clube. A antiga Fla TV foi remodelada para Flamengo TV com a projeção de atrair brasileiros que vivem no exterior com as transmissões dos jogos do time rubro-negro como mandante no Campeonato Brasileiro 2025.

A estreia da iniciativa, que terá narração do recém-contratado João Guilherme (ex-Paramount+), será no sábado (29), quando o clube fará o primeiro jogo no Brasileirão, contra o Internacional, no Estádio do Maracanã.

O preço do serviço ainda não foi definido. Mas a cobrança será feita em dólar, com valor unificado para o mundo todo. O torcedor poderá optar pela assinatura mensal ou adquirir jogos específicos durante a competição.

“Os números que temos hoje é que existem 5 milhões de brasileiros morando no exterior. Considerando que 21% a 22% deles são flamenguistas, estamos falando de 900 mil pessoas”, contabilizou Flávia da Justa, diretora de comunicação e conteúdo do Flamengo, em entrevista à Máquina do Esporte.

Esse trabalho de arregimentar assinantes será feito com o auxílio das embaixadas rubro-negras espalhadas pelo exterior. Segundo a executiva, existem 2.500 torcedores cadastrados nessas representações fora do país.

Outra forma de divulgação da plataforma de streaming será por meio das redes sociais da equipe voltadas a estrangeiros. Só a conta oficial no X (antigo Twitter) em inglês conta com mais de 2 milhões de seguidores. No entanto, o clube ainda não projeta oferecer o serviço em outras línguas.

“Num primeiro momento, estamos focando na transmissão em português para brasileiros que estão morando no exterior. A ideia é penetrar nesse mercado”, disse a diretora rubro-negra.

A iniciativa foi lançada após o Flamengo decidir não aderir à venda conjunta dos direitos internacionais de transmissão do Campeonato Brasileiro.

Há uma aproximação recente entre a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), da qual o Flamengo faz parte, e a Liga Forte União (LFU) para que haja a venda unificada desse ativo, algo que não aconteceu nas negociações dos direitos domésticos do Brasileirão. No entanto, o possível acordo não teve a adesão do clube rubro-negro, que decidiu fazer voo solo no exterior.

“Acreditamos que Estados Unidos, Portugal e Inglaterra são os mercados mais importantes para a gente. Além disso, há toda a América Latina, onde o Flamengo gera bastante interesse”, destacou a executiva.

Para ela, a disputa do Super Mundial de Clubes da Fifa fará com que o Flamengo conquiste espaço na mídia de outros países. O clube rubro-negro será um dos representantes brasileiros na primeira edição do torneio da Fifa, marcada para os EUA, de 14 de junho a 13 de julho, ao lado de Botafogo, Fluminense e Palmeiras. 

“Acreditamos que o Mundial de Clubes também irá atrair este público”, avaliou.

Público doméstico

Além das transmissões no exterior, o Flamengo pretende atrair a audiência doméstica com a exibição de competições de futebol feminino, categorias de base e esportes olímpicos, em que conta com representantes como basquete, natação e ginástica artística.

Há a previsão de mostrar jogos do Flamengo no Novo Basquete Brasil (NBB), além do Troféu Maria Lenk, principal evento de natação do país, que será de 21 a 26 de abril. Pela primeira vez, a competição será no Parque Aquático do Flamengo.  

“O Flamengo talvez seja o único time de futebol do Brasil que tenha essa robustez nos esportes olímpicos. Vamos dar visibilidade a essas modalidades”, contou Flávia.

Estrutura

A executiva não divulgou números, mas disse que os investimentos na contratação de nomes badalados da mídia vieram graças a uma gestão melhor dos custos operacionais da TV. Além de João Guilherme, a Flamengo TV também contratou Daniela Boaventura, ex-ESPN, que comandará um telejornal semanal, o Flapress.

Antes, 90% das despesas eram com produção e só 10% com equipe. Agora, essa divisão está mais equilibrada, com 60% para a produção e 40% com salários. As mudanças também geraram uma economia de 20% nos gastos, segundo a executiva.

“Estamos no breakeven [ponto de equilíbrio]. A primeira etapa do nosso desafio que era refundar a Flamengo TV. A partir do ano que vem, vai dar lucro”, afirmou Flávia.

A Flamengo TV terá três estúdios, um no Ninho do Urubu, um no Maracanã e outro na Gávea, que será construído até junho. Com eles, a executiva planeja aumentar a capacidade de produção de uma equipe de quase 100 pessoas, entre contratados do clube e produtoras terceirizadas.

“Uma mudança é que o Flamengo trouxe toda a área de gestão, planejamento, estratégia e rentabilização da Flamengo TV para dentro do clube”, explicou Flávia.

“Isso aproxima a TV da área comercial do Flamengo e faz com que possamos ser mais ágeis na estratégia”, completou.