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Engajamento e inovação: A inteligência artificial a serviço do esporte

Nova geração chega exigindo muito mais de qualquer produto que as passadas, e o início de toda essa mudança começa, de fato, pela IA, não apenas na aproximação e no engajamento, mas também para evitar danos à imagem do esporte

Tecnologia Second Spectrum e a capacidade de, por meio de inteligência artificial, customizar as transmissões esportivas - Reprodução / YouTube (@GeniusSports)

Em 2019, tive a felicidade de participar do Leaders Week, em Londres, na Inglaterra. A semana de encontros, simpósios e reuniões, já tradicional na agenda da indústria esportiva europeia, sempre traz cases muito interessantes e debates importantes sobre o presente e o futuro da área no planeta. Na edição em que estive presente, uma apresentação me impactou mais do que qualquer outra: a Second Spectrum e a capacidade de, por meio de inteligência artificial (IA), customizar as transmissões esportivas e chegar a diferentes públicos.  

Durante a apresentação, inúmeros cases foram exibidos. Inclusive, já trouxe alguns deles aqui, na Máquina do Esporte, como uma das soluções para modernizar as transmissões e aproximar modalidades tradicionais de públicos mais jovens. Como exemplo mais recente, a parceria com a EA para a transmissão de um jogo da NFL: desde 2021, a Second Spectrum é parte da inglesa Genius Sports, que possui operação no Brasil.

“A Second Spectrum é uma tecnologia muito inovadora. São câmeras espalhadas nos estádios e ginásios que permitem a captação de bilhões de pontos de dados da movimentação de tudo que acontece dentro do campo de jogo. Não só do movimento plano dos atletas, da bola, enfim, mas o movimento dos atletas mesmo, são milhões de pontos de contato ali, em que a gente consegue mapear a movimentação completa do jogador, da cabeça aos pés. Isso permite uma captação, uma análise de dados para performance, para análises táticas e, consequentemente, uma inserção em tempo real de um filtro de realidade aumentada que traz outros benefícios e outras possibilidades de engajamento dentro do esporte. Então, a gente tem alguns cases muito emblemáticos que utilizam a Second Spectrum com a NBA, com a NFL e com a Premier League”, disse Guilherme Buso, vice-presidente da Genius Sports no Brasil.

“A gente consegue ‘hypar’ o jogo, transformá-lo quase em uma animação ou um videogame, mas é o jogo real. É uma ferramenta que traz engajamento para o esporte em tempos em que ele precisa dar mais atenção e atender a nova geração, que é muito mais digital”, acrescentou.

Muito antes de se tornar um “hype”, a inteligência artificial já era utilizada com maestria pela Genius Sports para a ferramenta Second Spectrum e outros pilares de atuação da companhia.

“A Genius confia muito na tecnologia desenvolvida em várias frentes. A inteligência artificial é fundamental em toda a tecnologia Second Spectrum para reconhecimento e análise de performance dentro desse sistema”, destacou Guilherme Buso.

Pioneira no uso de inteligência artificial, um outro pilar da Genius Sports é o mercado de apostas esportivas.

“A inteligência artificial é fundamental para a gente reconhecer padrões de apostas esportivas, nos ajuda a identificar possíveis manipulações de resultados e outras ações, como cartões, pontuação e estatísticas, e para a atualização das ‘odds’ dos mercados de apostas. É um trabalho constante de investimento em tecnologia que beneficia todos os nossos clientes, sejam eles federações, ligas ou clubes de futebol no campo, na parte de performance, ou no reconhecimento dessas possíveis manipulações de resultado, no trabalho de integridade e as casas de apostas, que estão plugadas ali no nosso feed de ‘odds'”, continuou.

“Desde o início, quando o Brasil começou a movimentação para a regularização do mercado de apostas, a Genius teve um trabalho muito proativo dentro do cenário esportivo brasileiro, colaborando diretamente com o Governo Federal. Eu acho que um ponto muito relevante desde o princípio foi esse trabalho muito próximo que nós temos com as entidades esportivas, seja no Brasil, seja em todo o mundo, relacionado à integridade no esporte, ao combate à manipulação de resultados”, afirmou Guilherme.

“Com a regulamentação, há uma maturidade muito maior do mercado de apostas no Brasil no sentido de compreender e tentar ter o melhor produto possível. As conversas, hoje, são muito mais maduras em termos de apostas esportivas. Os principais ‘players’ entendem a importância e a relevância da Genius, e a gente tem um objetivo e uma meta muito agressiva para tentar crescer muito dentro do país”, finalizou Buso.

No Brasil e no mundo, as indústrias do esporte e do entretenimento já passam por uma profunda transformação e seguirão passando nos próximos anos. A nova geração chega exigindo muito mais de qualquer produto que as passadas. E o início de toda essa mudança começa, de fato, pela inteligência artificial, não apenas na aproximação e no engajamento, mas também para evitar danos à imagem do esporte.

Uma das principais soluções para toda essa reinvenção, não há dúvida de que a IA é o presente e o futuro do mercado esportivo.

André Stepan é diretor de marketing do canal Goat, desenvolvedor de negócios da Horizm no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte