2024 ainda será o ano dos fãs de esporte

Inteligência artificial está redefinindo o relacionamento entre torcedores, atletas e equipes no esporte em geral - Reprodução

Na tapeçaria tecida pelo esporte, cada ponto representa uma emoção, uma memória, uma paixão. Desde os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, em que coroas de louros eram mais desejadas que ouro, até os insólitos campeonatos modernos de bolinha de gude, que capturam a imaginação com sua simplicidade e encanto, o esporte tem sido um farol de engajamento humano. É uma narrativa que nos une, atravessando o tempo e a tecnologia, e fundindo paixões ancestrais com a inovação contemporânea.

Enquanto o mundo evoluía, a maneira como vivenciamos o esporte também se transformava (falamos disso em colunas passadas). Antes, estádios abarrotados de fãs; agora, arenas digitais onde avatares aplaudem. A pandemia acelerou uma metamorfose há muito em andamento, e o esporte, nosso universo paralelo de heróis e lendas, não ficou imune. Surgiu uma tendência não apenas destinada a sobreviver ao caos global, mas a prosperar nele: a intersecção da tecnologia com o engajamento dos fãs.

A inteligência artificial (IA), essa força invisível, mas onipresente, está redefinindo o relacionamento entre torcedores, atletas e equipes. Os fãs já não são apenas espectadores; agora, são participantes ativos, moldando narrativas, dialogando com seus ídolos e influenciando até mesmo as estratégias do jogo. Como digo em sala de aula e também para os nossos clientes: “Torcedor não é apenas fã ou consumidor. Ele é cocriador do espetáculo. Não o trate como mero consumidor, pois a jornada dele vai muito além da compra”.

Algoritmos aprendem com cada clique, cada postagem, cada grito (real ou virtual), permitindo experiências personalizadas que cativam. E essa personalização é o cerne da conexão emocional, pois nos faz sentir vistos, ouvidos e compreendidos.

A IA auxilia o departamento de marketing, vendas e comercial com estratégias para alavancar vendas, engajamento ou mesmo definir a melhor forma de comunicação com cada público segmentado. Fornece estatísticas em tempo real ou um assistente virtual que sugere a melhor maneira de acompanhar um jogo baseado em preferências passadas. Oferece experiências de realidade aumentada que permitem aos fãs sobrepor dados e análises enquanto assistem a uma partida, enriquecendo cada jogada com uma camada de compreensão e apreciação. E não podemos esquecer dos e-Sports, onde a IA analisa padrões de jogo para melhorar tanto a performance dos jogadores quanto a experiência dos espectadores.

A tecnologia está solidificando laços antes impensáveis entre os fãs e seus ídolos. Em um mundo hiperconectado, a distância física cede lugar à proximidade digital. O esporte, em sua essência, sempre foi sobre conexão (com o jogo, com os jogadores, com a comunidade). Agora, a IA nos convida a explorar novas dimensões dessa conexão. E o mais belo disso tudo? Cada um de nós tem um lugar reservado nessa jornada evolutiva, independentemente de onde estamos ou quem somos.

Na minha última coluna, abordei a evolução do perfil do torcedor e como é essencial para a indústria esportiva compreender e abraçar a diversidade dessa base. A era em que apenas um pequeno percentual de fãs fervorosos dominava as arquibancadas está dando lugar a uma realidade mais inclusiva e abrangente. A paixão pelo esporte não conhece limites e, agora, estamos reconhecendo que cada voz na multidão conta, cada torcedor tem seu valor, mesmo aqueles que tradicionalmente não eram vistos como os mais lucrativos.

O engajamento no esporte contemporâneo não se resume à euforia coletiva nas arenas; é uma experiência mais introspectiva, pessoal e digital. A emoção transborda dos estádios para os dispositivos e plataformas, onde os fãs se conectam com os times e atletas de maneiras inovadoras e imersivas.

Utilizando dados analíticos, nós agora temos a capacidade de mapear as jornadas dos fãs com uma precisão sem precedentes. Os painéis (dashboards) complexos que antes nos confundiam, agora são ferramentas vitais na nossa caixa de ferramentas e contam com o apoio da IA para ajudar na sua interpretação. Aliás, nos permitem não só interpretar o comportamento dos fãs, mas também prever e moldar suas interações futuras. É um desenvolvimento que não passou despercebido pelos líderes da indústria esportiva que estão sempre em busca de novas estratégias para engajar e reter fãs.

Do futebol amador aos eventos esportivos de renome mundial, como o Super Bowl e a Fórmula 1, há um esforço coletivo para descobrir como podemos interagir com os fãs de formas que realmente ressoem com eles. Esse desafio é ainda mais premente quando consideramos a próxima geração de torcedores, a Geração Z, cuja expectativa por experiências personalizadas é significativamente maior do que as gerações anteriores.

À medida que avançamos, fica claro que as marcas que conseguirem criar experiências autênticas e significativas, que ressoem não apenas com os fãs tradicionais, mas também com os mais jovens e tecnologicamente proficientes, serão as que terão mais sucesso em um mercado cada vez mais competitivo. Afinal, o envolvimento dos fãs é a alma do esporte e, à medida que o esporte se transforma, nossas estratégias também devem evoluir para celebrar e amplificar cada grito de torcida, cada momento de triunfo, cada lágrima de derrota.

Ainda temos muito a falar sobre isso. Voltarei por aqui e também nas minhas redes sociais em 2024 para discutir e desvendar as complexidades e oportunidades que o futuro do engajamento dos fãs nos reserva. Até lá, um ótimo Natal e nos vemos em 2024!

Siga @fleurysportmkt nas redes sociais ou fernandofleury no LinkedIn para ler mais sobre temas como esse.

Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos e identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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