Entender a fluidez do fã é fundamental para o futuro do esporte

NFL e Disney promoveram transmissão em realidade aumentada com temática da animação Toy Story - Divulgação / ESPN

Os fãs de hoje consomem esporte de uma maneira diferente dos fãs de ontem e dos fãs de amanhã. Ter isso como princípio é fundamental para quem quer criar uma cultura de “Fan Engagement”. Quando escrevo que os fãs são fluidos, é uma forma de expressar que eles vivem em constante mudança e não possuem mais hábitos que se perpetuam, o que torna o trabalho de conhecê-los ainda mais interessante.

O esporte e o entretenimento estão, notoriamente, em um período de ruptura e convergência do mercado. As empresas, clubes e todos que participam da indústria estão sendo desafiados e, por que não, forçados a acompanhar as mais recentes tecnologias e tendências de comportamento que estão redefinindo a experiência esportiva e de entretenimento. Seja ao vivo, on-line, na TV ou onde o fã puder participar.

Nas últimas décadas, a indústria do “sportainment” teve como alicerce o conceito de propriedades esportivas populares com a geração de fãs fanáticos definidos por geografia, lealdade, rivalidade e conceitos do gênero. Porém, apesar do sucesso desse modelo, ele atualmente está estagnado e totalmente sem propósito. Esse torcedor fanático já não é mais o caminho para o crescimento da indústria. Isso porque a fluidez do fã permite termos incertezas sobre diversas questões, e essas incertezas nos obriga a conhecer cada vez mais profundamente esse ser chamado torcedor.

Um exemplo prático (e que foi bastante divulgado nas últimas semanas) foi a transmissão da NFL no modelo Toy Story Funday Football com a Disney. A própria NFL já havia feito uma parceria com a Nickelodeon e o desenho Bob Esponja, assim como a NHL e a Fórmula 1, que já usaram modelos parecidos. A NHL também com a Disney, mas com a série de animação “Big City Greens”, e a Fórmula 1 também com ações para crianças. O que está por trás de tudo isso é a mudança que percebemos na forma como crianças e adolescentes estão consumindo conteúdo.

Esse novo desenho de fã está aberto a mudanças, com poder de escolha e em constante evolução. Ele passa de uma forma de entretenimento para outra em questão de segundos. Ele consome mídia e conteúdo esportivo em explosões mais curtas de interesse, em vez de períodos mais longos e comprometidos como eram os fãs de outras gerações.

Essas diferenças fazem com que modelos tradicionais de segmentação, baseados em personas, dados demográficos ou até mesmo psicográficos, sejam na maioria das vezes inúteis. Você pode até identificar o fã, modelá-lo, mas isso não te ajuda a entender o que ele faz ou quer fazer a seguir. É aqui que o desenho de novas abordagens se faz tão necessário: pensando em como capacitar a indústria a se concentrar no seu negócio principal e, ao mesmo tempo, aproveitar o poder da tecnologia para manter, ou em alguns casos, trazer esses novos torcedores para realizarem outras atividades que otimizam as receitas.

Nesse momento, a tecnologia e a inovação batem na porta. Com o uso da inteligência artificial (IA), é possível criar modelos preditivos textuais que se tornam valiosos na criação de estratégias de monetização mais eficazes. Ao compreender as preferências em constante mudança dos fãs, as organizações podem direcionar ofertas personalizadas, como ingressos para eventos, merchandising e conteúdo exclusivo, aumentando a probabilidade de conversão e, consequentemente, gerando novas receitas.

Foi isso que a NFL trouxe à tona ao transmitir uma partida de futebol americano no quarto do Andy, incluindo os comentaristas e os anúncios.

Podem apostar que veremos cada vez mais inovações nesse sentido, feitas justamente por aqueles que entendem a fluidez de seus fãs.

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Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos, identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs, entre outros. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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