Com Copa América, CBF segue ótima sequência de ações para reaproximar a seleção dos torcedores

Seleção brasileira posa para foto antes da estreia na Copa América 2024, diante da Costa Rica - Rafael Ribeiro / CBF

Nas últimas décadas, a relação entre os brasileiros e a seleção brasileira masculina se distanciou e esfriou. Os motivos foram muitos: desde o pentacampeonato conquistado em 2002, o time passou a jogar mais no exterior do que no Brasil; inúmeras crises técnicas dentro de campo e de credibilidade fora dele; jogadores convocados que saem do país muito jovens e não são muito conhecidos dos torcedores (o caso do zagueiro Gabriel Magalhães, do Arsenal, andando de metrô, sem ser assediado, para ver o Corinthians em Itaquera é emblemático); a transformação da camisa canarinho em instrumento político; e o noticiário negativo, entre outros.

No entanto, nos últimos tempos, começamos a ver um movimento muito claro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para reaproximar a seleção brasileira da população. O departamento de marketing tem realizado inúmeras ações para voltar a ficar mais perto dos torcedores, entre elas: a campanha Brasil Para Todos, que está na coleção atual dos uniformes; inúmeras ações voltadas às minorias, como o combate ao racismo e à homofobia, e a conscientização sobre o autismo; e a linda campanha “Brasil com S”, lançada às vésperas da Copa América.

“A reaproximação com a população brasileira é um dos principais pilares estratégicos do presidente Ednaldo [Rodrigues]. A partir da minha chegada, começamos a estruturar os processos e, desde então, fazemos um trabalho de fato voltado para uma maior aproximação com o povo brasileiro, pois entendemos que a seleção brasileira é um bem do povo e, por isso, é um dos carros-chefes da atual gestão”, disse Lênin Franco, diretor de marketing e comercial da CBF.

Além das campanhas de marketing e ações institucionais, a nova gestão da Confederação Brasileira de Futebol tem um outro caminho para a reaproximação com os torcedores da amarelinha: o digital.

“Tanto em parceria com a Nike no desenvolvimento dos uniformes como na campanha institucional que a gente lançou agora para a Copa América [“Brasil com S”], o objetivo é, sim, a reaproximação. As redes sociais também fazem parte do grande guarda-chuva para a aproximação do povo, e fizemos uma reestruturação, trazendo uma linguagem mais jovem e mais moderna, e fazendo parcerias, como, por exemplo, com o Fred [agora ex-Desimpedidos] nos Estados Unidos para a Copa América”, continuou Lênin. 

As minorias também ganharam muito mais importância na CBF. O lançamento da Copa Nacional de Futebol Quilombola, as parcerias com o Observatório do Racismo e o coletivo Canarinhos LGBT, que são grupos de torcidas LGBT de várias partes do país, estão entre alguns exemplos de boas iniciativas para acolher aqueles que sofrem muito preconceito no Brasil.

“As minorias são uma bandeira que o presidente Ednaldo faz muita questão. É algo que é muito simbólico porque ele é um homem preto, nordestino e indígena de origem. Ou seja, ele reúne três características que sofrem muito preconceito no Brasil. Então, ele tomou como questão de honra defender e trabalhar por essas minorias. Temos feito muitas ações e há um planejamento com muito mais coisas pela frente”, acrescentou Lênin.

O empenho da Confederação Brasileira de Futebol para a vitória do Brasil como país-sede da Copa do Mundo Feminina da Fifa 2027 também foi enorme e é mais um grande gesto no sentido de aproximar também a seleção feminina da população brasileira.

“A vitória para sediar a Copa do Mundo de 2027 é graças a um trabalho de apresentação do Brasil, da enorme estrutura que já temos, do potencial de desenvolvimento do futebol feminino com o recebimento do Mundial e, também, de formiguinha, porque o presidente teve que reverter um placar que começava em 55 para a candidatura da Alemanha, Bélgica e Holanda, pois é o número de países da Uefa, contra 10 para a candidatura brasileira, que é o número de países da Conmebol“, explicou.

“A gente já viu nos últimos dois jogos amistosos da seleção feminina antes da Olimpíada, em Recife (PE) e em Salvador (BA), com mais de 30 mil pagantes. Então, a gente entende que a Copa era importantíssima e o que faltava para o futebol feminino subir de patamar e ficar na primeira prateleira como o futebol masculino”, completou.

Com ótimas passagens por Bahia, Botafogo e Cruzeiro, Lênin está à frente do marketing da CBF pela primeira vez. O profissional assumiu o cargo em setembro, em notícia que foi veiculada com exclusividade pela Máquina do Esporte

“É uma honra gigantesca estar à frente da pasta de marketing. Sei que estou nela temporariamente porque ciclos começam e se encerram, mas fiquei muito honrado com o convite quando o recebi. Para mim, especificamente, você usar o futebol para impactar a vida das pessoas é o que faz com que eu ame tanto futebol. A gente não trabalha só por dinheiro e títulos, mas principalmente por uma mudança na sociedade que eu enxergo que, quando não é feita pela política no Brasil, pode ser feita através do futebol. O que me honra e me dá muita alegria é poder plantar uma semente para o futuro”, enfatizou o executivo.

Com o ótimo trabalho de reaproximação da seleção brasileira com o povo, não há muitas dúvidas de que o projeto dará certo e que a camisa canarinho voltará a ser tão querida por aqui como é fora do Brasil, pois, vale lembrar, ela é uma das maiores marcas esportivas do planeta, comparável apenas ao Dream Team dos EUA no basquete, aos All Blacks, da Nova Zelândia, no rugby, aos EUA no futebol feminino, ao Real Madrid entre os clubes de futebol masculino, e ao New York Yankees, da MLB, no beisebol.

André Stepan é diretor de marketing do canal Goat, desenvolvedor de negócios da Horizm no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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