Em julho de 2023, a Fifa anunciou a expansão de sua oferta de conteúdo do Fifa+, a plataforma de streaming oficial da entidade, aos canais Fast (do inglês “Free Ad-Supported Streaming Television” ou “Televisão por streaming gratuita com anúncios”, em tradução livre), dos quais muito se tem falado nos últimos tempos. Com menos de dois anos de seu lançamento, são nada menos do que 13 as transmissoras de conteúdo parceiras do Fifa+ ao redor do mundo, incluindo LG, Samsung, Plex, Vidaa e TitanOS no Brasil.
Um relatório da Gracenote, unidade de negócios de dados de conteúdo da Nielsen, divulgado em março de 2025, apontou que o número de canais Fast no mundo aumentou cerca de 43% desde meados de 2023, totalizando mais de 1.600 possibilidades de escolha para o consumidor. Ainda de acordo com esse estudo, o esporte representa a segunda categoria com maior número de opções, cerca de 13,6% do ecossistema Fast.
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Em termos de audiência, o estudo diz que “a migração do cabo, o aumento da adoção da TV conectada (CTV) e o conteúdo gratuito ao qual ela dá acesso fizeram dos canais Fast o segmento de crescimento mais rápido dentro do panorama geral da televisão”.
Mas como diferenciar a oferta e atrair a atenção do público com culturas e interesses tão distintos ao redor do mundo? Um resumo interessante foi apresentado na primeira quinzena deste mês para equipes envolvidas no dia a dia dos canais Fifa+ Fast, e decidi compartilhar aqui algumas percepções.
A estratégia do Fifa+ Fast passa por diferentes distribuições de conteúdo, sendo duas delas globais, nos idiomas inglês e espanhol, além de outros canais localizados, o que inclui o Brasil, líder de audiência em português. Integram ainda o planejamento estratégico os canais em francês, italiano e alemão. De olho nos próximos eventos oficiais da entidade na América do Norte, como o Super Mundial de Clubes e a Copa do Mundo de 2026, o Fifa+ expandiu seu canal Fast localizado para Estados Unidos + Canadá (localizado inglês), e México (localizado espanhol). Ao todo, são oito diferentes canais, com programações independentes de acordo com cada território.
Em média, cerca de 65% da programação semanal do Fifa+ Fast gira, atualmente, em torno de conteúdo localizado, com tendência a aumentar esse percentual. Está disponível uma biblioteca rica com vídeos em diferentes formatos, incluindo reprises completas de partidas, produções originais Fifa+ e pacotes de melhores momentos de jogos, que englobam os arquivos de Copas do Mundo masculinas, femininas, de futebol de areia, de futebol de base e de futsal.
Em alguns casos, esse arquivo é repaginado e transformado em um produto de consumo mais dinâmico, como o projeto “Voices”, em que grandes nomes do futebol mundial narram suas próprias histórias. No último lançamento, o brasileiro Falcão, considerado o “Rei do Futsal”, relembra sua saga na Copa do Mundo, “com reflexões profundas e pessoais”, como diz a descrição do vídeo. Posso citar também aqui o projeto “Facts”, que une imagens com cartelas e descrições gráficas contextualizando o vídeo, pensado especificamente para o canal Fast do Fifa+ e que não precisa de áudio para ser consumido. Ou seja, um ótimo companheiro de fundo para a vida social em bares ou outros locais públicos.
Só em 2025 foram produzidos mais de 230 novos comentários para jogos oficiais na língua nativa de cada um dos territórios Fifa+ Fast (originalmente os arquivos de jogos possuem narração somente em inglês).
No Brasil, o quadro é superpositivo, com mais de 200 milhões de “streams” desde o lançamento, ultrapassando a marca de 17 milhões de horas assistidas. A média de transmissão por usuário continua crescendo, o que significa dizer que os espectadores estão passando cada vez mais tempo consumindo a programação oferecida no Fifa+ Fast em português.
Uma seleção de conteúdo premium é disponibilizada em horário nobre, com curadoria específica da equipe editorial do Fifa+, tanto para cada região quanto para os canais globais. Além da atuação do marketing interno do Fifa+, os parceiros de transmissão, como a Samsung, por exemplo, também engajam de forma positiva para gerar resposta dos consumidores brasileiros em eventos especiais, como as partidas ao vivo de torneios oficiais da Fifa quando o Fifa+ detém os direitos de transmissão, ou as maratonas temáticas.
Voltando ao estudo da Gracenote, o texto diz que “assim como o público, os anunciantes estão cada vez mais considerando os canais Fast como parte de seus investimentos em TV conectada (CTV)”. A expectativa é de que esses investimentos cresçam cerca de 15% ao ano até 2027. E continua: “Para alcançar resultados melhores, especialmente porque tanta compra de anúncios em CTV acontece de forma programática, a indústria deveria mudar suas estratégias de segmentação: focar no conteúdo, não nas pessoas”.
Considerando-se a troca de informações dos últimos dias conduzida pela equipe de conteúdo do Fifa+ Fast e os dados dos estudos apresentados, a curadoria de conteúdo localizado para aumento de audiência parece ser um caminho sem volta.
A discussão ainda é longa acerca de outras práticas para potencializar e fidelizar a audiência, como a experiência do usuário, o investimento publicitário ou a implementação de novas práticas de monitoramento de dados pelas transmissoras. Mas a conclusão óbvia é de que os canais Fast surgem como uma alternativa gratuita promissora dentro do ecossistema do streaming, ao lado de modelos como os streamings pagos por assinatura (SVOD), vídeo sob demanda com ou sem anúncios (AVOD/TVOD) e as plataformas on-line que oferecem pacotes de canais ao vivo (vMVPDs).
A lista completa de territórios cobertos por cada um dos canais Fast do Fifa+, assim como onde assisti-los, pode ser encontrada neste link.
Raiana Monteiro é jornalista e atual coordenadora de conteúdo do Fifa+, a plataforma de streaming da Fifa. Na carreira, já atuou como coordenadora de comunicação de esportes olímpicos do Flamengo, diretora de relações públicas do Vasco e ainda teve passagens pelo Grupo Globo e pela agência In Press Media Guide