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O esporte muda quando as decisões também são delas

Reflexões do painel no Gramado Summit, com olhar voltado ao esporte: ter mulheres na liderança não é uma causa, mas sim uma estratégia que transforma negócios, fortalece o esporte e gera impactos reais para a sociedade

Liana Bazanela participou do painel "Liderar com propósito: O impacto da mulher que transforma" no Gramado Summit - Divulgação

Participar do painel “Liderar com propósito: O impacto da mulher que transforma”, no palco Insurgentes do Gramado Summit, realizado na semana passada, entre 4 e 6 de junho, foi uma experiência que uniu visão estratégica, sensibilidade e potência coletiva.

Ao lado de duas grandes profissionais (Caroline Torma, diretora de marketing do Grupo RBS e head do Planeta Atlântida, e Lisiane Lemos, secretária de Inclusão Digital do Rio Grande do Sul), o encontro trouxe à tona temas essenciais para quem acredita que a liderança feminina não apenas ocupa espaço, mas transforma ambientes, decisões e resultados.

Essa reflexão é ainda mais urgente quando olhamos para o universo esportivo.

O esporte é uma das plataformas mais poderosas de conexão com as pessoas. Ele movimenta paixões, forma comunidades e influencia comportamentos e culturas. Mas, historicamente, também é um território onde a presença feminina nos bastidores e nas lideranças ainda é limitada.

Por muito tempo, vimos mulheres ocuparem arquibancadas, quadras, campos e pistas, mas raramente as salas de decisão, os conselhos ou as presidências. Felizmente, esse cenário está mudando. E falar sobre liderança com propósito, especialmente no contexto esportivo, é falar sobre o tipo de transformação que esse mercado precisa para evoluir de forma mais diversa, ética e relevante.

O esporte muda quando as decisões também são delas.

Quando mulheres assumem posições de comando, o jogo se transforma, porque outras perguntas são feitas, novas prioridades ganham espaço e realidades antes invisibilizadas passam a fazer parte das decisões estratégicas.

Durante o painel, abordamos temas como a importância da identidade na liderança e como histórias e valores pessoais influenciam diretamente estratégias de negócio e posicionamentos de marca. Falamos sobre a autonomia (inclusive financeira) como pilar de escolhas mais livres e conscientes ao longo da carreira. E refletimos sobre inovação com propósito: aquela que não surge apenas para gerar curtidas, mas para resolver problemas reais e impactar pessoas de verdade.

No esporte, isso é ainda mais evidente. O que diferencia marcas, projetos e entidades não é apenas performance ou exposição, mas sim a capacidade de criar conexões genuínas com o público, de se posicionar com clareza, de mostrar coerência entre discurso e prática.

A sensibilidade e a criatividade surgem como competências essenciais nesse processo. Em uma indústria cada vez mais orientada por dados e tecnologia, são essas habilidades que mantêm viva a chama humana que faz o esporte ser o que ele é: emoção, pertencimento e inspiração.

Falamos também sobre diversidade, não como um ponto de pauta, mas como parte da estrutura. Em um país como o Brasil, compreender e incluir as múltiplas realidades culturais e sociais é não só urgente, mas estratégico.

E os dados reforçam o que a vivência já mostra: empresas com mulheres na liderança crescem 21% mais do que as demais. Faturam mais, inovam mais e criam ambientes mais diversos, criativos e resilientes.

Se isso vale para qualquer setor, imagine o impacto disso no esporte, um dos ecossistemas mais apaixonantes e potentes da sociedade.

Não se trata apenas de representatividade. Trata-se de visão, de cultura, de transformação. Dentro e fora de campo.

Ter mulheres na liderança não é uma causa.

É uma estratégia que transforma negócios, fortalece o esporte e gera impactos reais para a sociedade.

Liana Bazanela é cofundadora da Hoc Sports