O estreito funil da F1

Temporada 2024 deve começar com o grid idêntico ao do ano anterior - Reprodução / Internet

Pela primeira vez na história da Fórmula 1, uma temporada se inicia com o grid rigorosamente idêntico ao do término do ano anterior.

Salvo a mudança do nome da Sauber para Stake F1 Team, todos os times devem alinhar seus carros na abertura da temporada 2024 com os mesmíssimos pilotos com os quais encerraram o ano de 2023.

É apenas mais um exemplo do quão estreito é o funil da categoria rainha atualmente e, não por acaso, há na mídia especializada em categorias de base quem diga, meio a brincadeira, meio a sério, que as Fórmulas 2 e 3 viraram as principais formadoras de pilotos do programa Road to Indycar.

Entretanto, se o mercado no ápice do automobilismo se apresenta travado neste início de temporada, o panorama tende a ser bem diferente dentro de um ano, vez que inúmeros contratos de pilotos na F1 se aproximam do fim no término deste ano.

Aí podem pintar boas oportunidades para os brasileiros, especialmente Felipe Drugovich e os irmãos Pietro e Enzo Fittipaldi. Recém-filiado ao programa de desenvolvimento de talentos da McLaren, o campeão da F3, Gabriel Bortoletto, também tem predicados para entrar no radar, ainda mais se fizer uma boa temporada de estreia na F2.

Brasileiros da Ferrari Driver Academy, Rafael Camara, segue na Fórmula Regional, e Aurelia Nobels, já corre nesta semana de F4 nos Emirados Árabes e depois vai se aventurar na repaginada Formula Academy, que passa a ter todas as suas etapas dentro dos eventos de GPs de F1 nesta temporada. 

Nos Estados Unidos o panorama também é animador, com Nicolas Giaffone recém-coroado campeão de categoria da Road to Indycar que será o destino do atual campeão da F4 Brasil, Vinicius Tessaro em 2024. Caio Collet também busca fechar o orçamento para disputar a Indy NXT (antiga Indy Lights).

2024, ano do trigésimo aniversário do fatal acidente de Ayrton Senna em Ímola, pode ser um ano de muitas oportunidades para jovens pilotos brasileiros e para as marcas que acreditam em seu talento.

O vácuo deixado pelo herói nacional, morto ao vivo na Tamburello, não foi nem nunca será preenchido. Até por conta disso, em vez de olhar no retrovisor com saudade do que já fomos, desejo para o mercado do esporte a motor brasileiro que a temporada seja palco para novos talentos do país mostrarem sua capacidade e irem atrás dos seus sonhos em altíssima velocidade. 

Luis Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre esporte a motor

Sair da versão mobile