Principal liga de basquete do planeta, a National Basketball Association (NBA) conta atualmente com 30 equipes, divididas igualmente nas Conferências Leste e Oeste.
Mas esse número parece estar em vias de ser alterado. De acordo com informações da ESPN norte-americana, são cada vez mais fortes as chances da NBA colocar em prática um plano de expansão, com duas novas franquias sendo incluídas a partir da temporada 2027/2028.
A ideia de ampliar o número de times da liga não é tão nova assim. Em dezembro de 2020, quando a competição enfrentava uma série de impactos econômicos ocasionados pela pandemia de Covid-19, o comissário da NBA, Adam Silver, deu declarações públicas em favor de mudanças na política de expansão.
“Acho que sempre disse que é uma espécie de destino manifesto da liga que você expanda em algum momento”, afirmou Silver, à época.
Na prática, porém, esse tema vinha sendo cozinhado em fogo brando. Nesse meio-tempo, a indústria do basquete norte-americano se movimentou como nunca, com direito à construção de duas novas arenas em Las Vegas, cidade que nunca sediou uma franquia da NBA.
Novos contratos de direitos de transmissão foram firmados pela liga, que também fechou acordo salarial com os jogadores. Resolver essas duas questões, tidas como prioritárias, era a condição apresentada por Silver para iniciar a discussão relativa à expansão da NBA.
Durante a última reunião do Conselho de Governadores da NBA, realizada em Nova York na semana passada, o comissário afirmou que a expansão seria debatida em algum momento nesta temporada, embora não tenha especificado quando isso ocorrerá.
Prós e contras
No fim das contas, o que definirá se a expansão acontecerá ou não na NBA é o dinheiro, que faz mover toda a engrenagem dessa grande máquina de entretenimento.
Por um lado, a inclusão de novas franquias ajudaria a ampliar as receitas totais da liga, com a bilheteria proporcionada pelos novos membros e também com a venda de produtos licenciados. A própria base de fãs assíduos da NBA poderia crescer com essa expansão.
As atuais franquias receberiam, a curto prazo, boas somas com a ampliação no número de participantes, graças à taxa de expansão que seria paga pelas novas equipes pelo direito de ingressarem na competição.
Se as chances de entrar mais dinheiro são grandes com a expansão, não está claro em quanto tempo esse impacto positivo poderia se fazer sentir no caixa do conjunto das equipes.
Com mais franquias, a participação delas no capital da NBA se diluiria. Hoje, cada uma é dona de 3,3% da liga, compartilhando uma soma equivalente das receitas obtidas pela competição.
Os atuais times terão de escolher se querem manter essa fatia do bolo atual ou se aceitam pedaços proporcionalmente menores, de um montante que pode ser bem maior.
Um fator que torna o momento atual favorável à expansão da NBA é que os valores de mercado das franquias dispararam. As últimas negociações envolvendo equipes da liga ultrapassaram a casa dos US$ 3 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões). O Phoenix Suns, por exemplo, alcançou US$ 4 bilhões (R$ 16,7 bilhões), em uma negociação que também envolveu o Phoenix Mercury, da WNBA.
Campeão da última temporada da NBA, o Boston Celtics foi colocado à venda pelo seu proprietário, Wycliffe “Wyc” K. Grousbeck, que controla o time desde 2002.
O mais recente ranking da revista Forbes estimou o valor de mercado do Boston Celtics em US$ 4,7 bilhões (em torno de R$ 26,4 bilhões, pela cotação atual), representando a quarta franquia mais valiosa da NBA. A tendência, portanto, é que a venda do time alcance algo em torno de US$ 5 bilhões.
Se tais valores servirem de base para as novas franquias nessa possível expansão, isso poderia representar um acréscimo de US$ 10 bilhões nos cofres da NBA, o que poderia render US$ 300 milhões a mais para cada time existente hoje.
Favoritas a sediar novas franquias
Atualmente, duas cidades dos Estados Unidos são apontadas como favoritas para sediar as possíveis novas franquias da NBA.
Uma delas é Seattle, no estado de Washington, que, por 41 anos, abrigou a franquia Seattle Supersonics, campeã da temporada 1978/1979, mas que acabou trocando de casa e de nome em 2008, depois de ser vendida para o grupo de investidores liderados por Clay Bennett. O empresário mudou o nome da equipe para Oklahoma City Thunder, depois de transferir sua sede para a cidade de mesmo nome.
A mudança de endereço do time chegou a render um processo movido pelo então CEO da rede de cafeterias Starbucks, Howard Schultz, que também foi dono do Seattle Supersonics, de 2001 a 2006, quando o time foi negociado com Bennett.
À época, Schultz acusou o comprador de praticar fraude e deturpação intencional, ao optar por mudar o nome e a sede da franquia. O retorno da NBA a Seattle, portanto, poderia selar a paz da liga com uma cidade que tem tradição no basquete.
Las Vegas é outra cidade que tem investido pesado em infraestrutura de esportes e na atração de grandes eventos como forma de diversificar o turismo e superar a imagem ligada aos jogos de azar.
A imprensa norte-americana também especula a possibilidade da expansão resultar na inclusão de uma nova equipe do Canadá, que hoje conta com o Toronto Raptors como seu representante.
Outra hipótese é da criação de uma franquia sediada na Cidade do México, como forma de reforçar a presença da NBA junto ao público latino-americano. Por enquanto, porém, as duas últimas alternativas estão mais no campo da especulação.