O verão do futebol nos EUA

Em um jogo e meio na MLS, Lionel Messi marcou três gols e deu uma assistência - Reprodução / Twitter (@InterMiamiCF)

Eu sei que o beisebol está celebrando que as mudanças de regras parecem estar surtindo efeito e produzindo jogos mais interessantes do que as disputas restritas a strikeouts e home runs dos últimos anos. Sei ainda que a NBA trouxe para a liga um dos jovens mais promissores das últimas décadas, o francês Victor Wembanyama. E sei também que, quem gosta de NFL, fala sempre de NFL. O ano todo. Mas o fato é que esse verão de 2023 tem sido o verão do futebol aqui nos EUA.

Já era de se esperar a atenção que os americanos dão, e que é cada vez maior, para a Copa do Mundo Feminina da Fifa. A seleção americana está entre as favoritas outra vez, e o Mundial marcará a despedida de Megan Rapinoe, que disputa sua última Copa e se aposentará no final do ano. A estreia contra o Vietnã atraiu mais de 6 milhões de espectadores, maior audiência da modalidade desde a final da Copa do Mundo Masculina do ano passado e quase o dobro da estreia da seleção feminina na Copa da França, há quatro anos, que tinha um fuso horário bem melhor do que Nova Zelândia e Austrália têm esse ano.

Além disso, há clubes europeus enchendo estádios pelo país enquanto fazem seus jogos de pré-temporada. Foram mais de 50 mil torcedores na Carolina do Norte para Chelsea x Wrexham, mais de 65 mil na Pensilvânia para Chelsea x Brighton, mais de 80 mil para ver Barcelona x Real Madrid no Texas, e também mais de 80 mil para Manchester United x Arsenal em Nova Jersey, pertinho de Nova York, no estádio que deve receber a final da próxima Copa Masculina.

Mas a grande novidade do verão do futebol foi mesmo a chegada de Lionel Messi. Com três gols e uma assistência em um jogo e meio, ele parece um adulto jogando contra crianças. Além disso, o argentino mostrou o potencial que tem para atrair talentos como Sergio Busquets e Jordi Alba, ex-companheiros de Barcelona que se juntaram ao craque no Inter Miami. E ainda teve o aumento expressivo nas assinaturas do serviço da Apple, que mostra com exclusividade as partidas dos times da MLS aqui nos EUA. Conforme a Máquina do Esporte noticiou na semana passada, Messi impulsionou o interesse pelo futebol e fez o número de assinantes passar de 1 milhão.

Tudo parece ir mesmo muito bem, mas sempre tem o que melhorar e com o que se preocupar. O segundo tempo da estreia de Messi, em jogo válido pela Leagues Cup, coincidiu com o primeiro tempo da estreia da seleção americana na Copa do Mundo Feminina. Foi absolutamente desnecessário, um deslize básico, e responsabilidade total da organização da Leagues Cup, já que a Copa do Mundo tem datas e horários definidos com meses de antecedência.

Outro problema pode não ser tão fácil de resolver. Sem o barulho feito na chegada de Messi, outro camisa 10 argentino arrumou as malas para deixar os EUA e a MLS. Campeão e MVP da final em 2020 pelo Columbus Crew, Lucas Zelarayán jogará pelo Al Fateh, da Arábia Saudita. Com limite de investimentos e teto salarial, a liga americana não consegue competir com o dinheiro dos times sauditas.

O comissário da MLS, Don Garber, lembrou de investimentos do futebol chinês que duraram pouco tempo há alguns anos e disse não estar preocupado com o avanço saudita. Eu, no entanto, não teria tanta certeza.

Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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