Camisa responde por 65% do faturamento de marketing do Corinthians

Corinthians tem todas as propriedades do uniforme comercializadas - Rodrigo Coca / Corinthians

A camisa do Corinthians mantém seu peso, apesar de uma temporada sem títulos no time profissional masculino. O clube arrecada cerca de 65% de sua verba com patrocínios, graças à exposição de marcas no uniforme do clube. Atualmente, as 11 propriedades estão negociadas, sendo que apenas três delas têm contrato finalizando em 2023 e discutem a renovação.

“Se fosse dizer um número por cima, colocaria 65% [exposição de camisa] por 35% [outros ativos]. No começo da gestão, basicamente a totalidade [da arrecadação] era exposição em camisa. Essa outra parte não existia e não era tão importante”, afirmou Gilberto Corazza, superintendente de marketing e novos negócios do Corinthians e gestor comercial da Neo Química Arena, em entrevista à Máquina do Esporte.

O executivo ponderou que esses 65% de arrecadação que vêm do uniforme do time masculino também implicam outras entregas comerciais, como ações no estádio e ativações nas redes sociais. Atualmente, o Corinthians possui mais de 35 milhões de seguidores em suas cinco principais contas oficiais (Facebook, Instagram, X, YouTube e TikTok), segundo a última edição do Ranking Digital dos Clubes Brasileiros divulgada pelo Ibope Repucom.

No total, de acordo com números divulgados pelo Corinthians, o clube arrecada R$ 123 milhões por temporada com o uniforme do time profissional masculino. O valor coloca o clube do Parque São Jorge na segunda posição entre as vestimentas mais valiosas do futebol brasileiro, atrás apenas do Flamengo, e com valor 51% superior à camisa do Palmeiras, o terceiro colocado.

Sustentabilidade

Há outros ativos importantes que o Corinthians vem tentando mostrar para o mercado, como o time feminino, vencedor do Brasileirão e da Libertadores neste ano, e as categorias de base.

A equipe feminina, que ainda disputa a final do Paulistão contra o São Paulo, conta com cinco patrocinadores que também investem no masculino (Nike, Neo Química, Pixbet, Bmg e Spani Atacadista), dois patrocínios próprios (Granito Pagamentos e UniDrummond), além de dois parceiros pontuais que estiveram na final do Campeonato Brasileiro e renovaram para a decisão do Paulista (Kingspan Isoeste e Neobetel).

“Tenho orgulho de dizer isso. O time feminino é totalmente sustentável. Tem patrocínios, tem premiações. Quanto mais você ganha [títulos], mais tem premiações. E o volume de marcas que patrocinam o feminino dá essa tranquilidade de gestão”, destacou Corazza.

O superintendente, porém, lamenta que ainda haja poucas empresas apoiando o futebol feminino, tanto no Corinthians quanto em outras equipes que desenvolvem esse trabalho.

“Muitas marcas falam em empoderamento feminino, em apoio ao futebol feminino. Mas poucas se movimentam para valer. É o chamado fake marketing. Mas, mesmo dentro desse cenário, o Corinthians está muito bem”

Gilberto Corazza, superintendente de marketing e novos negócios do Corinthians

E o elenco corintiano não é barato. Na última convocação do técnico Arthur Elias, ex-treinador do próprio Corinthians, para a seleção brasileira, seis jogadoras da equipe foram chamadas: a goleira Lelê; as laterais Tamires e Yasmin; as meio-campistas Luana e Duda Sampaio; e a atacante Gabi Portilho.

Estádio

Nos últimos dias, a notícia de que o Corinthians está montando um plano para a comercialização de 49% da Neo Química Arena na bolsa de valores agitou os bastidores do clube. Os termos do negócio ainda estão sendo formatados. Outra iniciativa recente foi a proposta de quitação da dívida com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento do estádio.

Independentemente dessas ações, uma das diretivas do executivo foi fazer com que o estádio se tornasse mais rentável para o clube.

“Temos 87 camarotes, 95% deles comercializados, com capacidade para 12 a 15 lugares. Isso tem a ver com os dois últimos anos de trabalho de tentar ser mais proativo no approach com as marcas”, contou Corazza.

Corinthians pretende negociar 49% da Neo Química Arena – Hugo Rodrigues / Corinthians

“Criamos um novo modelo de espaço corporativo, os lounges, no anel superior, com parceiros importantes, como Santander e Golden Goal. São espaços de 30, 60 e até 80 lugares”, completou.

Outro filão explorado pelo clube na gestão da arena foi a realização de eventos em dias sem jogos.

“Temos vários espaços modulares em que podemos fazer convenções, eventos, cafés da manhã e até feiras dentro da arena, principalmente no sexto andar”, exemplificou.

Segundo o Corinthians, circulam pelo espaço, em média, 1.100 pessoas em dias sem jogos nas diversas atividades oferecidas, como tour para torcedores, bares, academia, locadora de carros, lojas (incluindo uma megastore da Poderoso Timão) e até um campus universitário, da UniDrummond.

Shows e inovação

No final do ano, após o encerramento do Brasileirão, o estádio também será sede de shows. Nos dias 9 e 10 de dezembro, haverá o festival de rap Cena 2k23, com presenças confirmadas de Sheck Wes, Don Toliver, Veigh, Slipmami e Tasha & Tracie. A apresentação será na parte externa do estádio.

Já o pagodeiro Thiaguinho, corintiano fanático, fará apresentação dentro do projeto “Tardezinha” nos dias 16 e 17 de dezembro. O evento, que será dentro do estádio, espera receber quase 50 mil pessoas.

“Ideias não faltam para que a gente possa trazer outras oportunidades para lá também”, disse Corazza, lembrando do lançamento, em junho, de um espaço amplo para coworking, que funciona inclusive em dias de jogos.

Junto ao coworking, foi criado o HubFiel, espaço de empreendedorismo e inovação dentro do estádio. O local tem capacidade para 100 lugares, mas pode ser ampliado para 300 mesas de trabalho, conforme a ampliação do projeto. Há também salas de reuniões disponíveis para as empresas que quiserem desenvolver negócios dentro da arena corintiana.

“O coworking tem relação com o HubFiel. O grande desejo do clube é impulsionar o empreendedorismo, a capacitação de pessoas, trazer empresas importantes para que gerem negócios ali. Não necessariamente para o Corinthians, mas que o clube seja o guarda-chuva para gerar essas conversas”, finalizou o executivo.

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